27 de março de 2018

As Primeiras Quinze Vidas de Harry August

As Primeiras Quinze Vidas de Harry August

Quinze vidas e me lembro de todas

Imagine que sua vida reinicie após a morte. Você viverá tudo novamente, mas poderá alterar algumas coisas involuntariamente, já que não tem consciência de que é a segunda vez que faz aquilo e, obviamente, escolhe de forma aleatória. Um pouco confuso? Agora adicione a isto a capacidade de se lembrar de todas as suas vidas e teremos o enredo principal de "As Primeiras Quinze Vidas de Harry August" de Catherine Webb.

Como é de se esperar a história começa com a morte de Harry, mais uma, da mesma causa, no mesmo local. O que difere esta das outras é a visita que recebe minutos antes de partir. Trata-se de uma criança que tem uma mensagem importante para mandar ao passado: o mundo está acabando! Quando Harry renascer nos idos de 1919, terá a missão de fazer alguma coisa para mudar o futuro. Bem, ao menos é o que se espera dele, embora nas primeiras vidas o protagonista não entende como funciona sua condição de kalachakra (aquele que se lembra de todas as vezes em que sua vida começou de novo).

Boa parte do livro é gasta para explicar a ele e a o leitor como se dá este processo de reset de vida, começando com o nascimento de Harry que se dá sempre no mesmo local e da mesma forma, numa estação de trem e perpassando por sua infância como filho bastardo de patrão, criado por subalterno e desaguando em sua mocidade que varia de vida em vida. Harry foi soldado, médico, físico, espião, antes de conhecer o Clube Cronos, uma seita secreta de pessoas com as mesmas habilidades que ele. Não se espante, as vidas de Harry August são intensas mesmo e as coisas ainda ficam mais interessantes quando ele conhece Vincent, o sujeito que o mata pelo menos duas vezes.

As Primeiras Quinze Vidas de Harry August é uma obra bem planejada e executada. Dados históricos são usados com sutileza e precisão, dando ao leitor a sensação de coerência necessária a compreensão do enredo. Sim, nomes de pessoas reais são mencionadas no livro, atores de época, por exemplo, o que enriquece a leitura. Isto ainda não é o ponto forte de Webb, creio. O que mais chama atenção no livro é a reflexão sobre o tempo. O que faríamos se tivéssemos todo o tempo do mundo? O que feríamos se soubéssemos o que vai acontecer? Viver nestas condições seria bom?

É importante frisar que há momentos do enredo que são pura enrolação; gastos com futilidades e explicações desnecessárias ao entendimento maior, mas podem ser classificados como prévios para a ação. O final, digno de filmes surpreendentes, compensa toda a lentidão de antes. Em resumo, um livro cativante, interessante e reflexivo. Intenso, mas longo, cuja história muito pode acrescentar ao nosso entendimento de tempo e mundo; ao nosso conceito de papel no grande plano existencial.

Recomendado! Fica a resenha e a dica.
Abraço.
Paul Law  
     

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