26 de julho de 2017

Vantagem


Nos dias atuais obter vantagem é algo comum e incentivado. Propagandas televisivas exageram na possibilidade de obter algo por um preço menor do que ele realmente vale; pessoas se vangloriam por ter “economizado” ao comprar pela metade do preço; contam com orgulho quando enganam as autoridades ou recebem dinheiro que não lhes pertencem. Estacionam em vagas que são exclusivas para deficientes ou idosos sob o pretexto de que “ninguém está usando” ou “há muitas vagas e poucos usuários deste tipo”. Tudo em nome da vantagem! Elas estão certas? Estamos? 

A vantagem por sua própria natureza é um desiquilíbrio. Por sua vez, desiquilíbrio é um erro de divisão. A balança pende para um lado e este fato é autoexplicativo. Frisa-se: toda vez que há vantagem, na outra ponta há desvantagem. Para que um ganhe o outro precisa perder. Dito isto, pense: preciso mesmo vencer? É necessário ter vantagem? Há outro modo de viver?

As religiões ao longo dos séculos nos deram uma pista sobre este assunto. Pregaram, envolta de   adornos e fumaça, a compaixão; mostraram o mundo do outro. Empatia, seria esta a palavra para começarmos a entender o problema da vantagem. O lado do outro. Lembre-se que a sua vitória será a desgraça de alguém. Não daria para estabelecer um empate?

Compre menos, obtenha menos benefícios, não leve vantagem. Pense menos em si. 

O problema do empate é que ele não é motivador. Sem a possibilidade de ganhar algo em troca do que se faz, perde-se a própria vontade de fazer. Embora seja uma qualidade da qual não se deve orgulhar-se, não se pode negá-la. Não há aquele que faça simplesmente pelo amor ao labor. É necessário ganhar pelo que se faz; é preciso valorizar o trabalho realizado, sobretudo o bom trabalho que, consequentemente é o trabalho de alguém que ama o que faz.

Há pessoas que dirão que tal premissa é uma inverdade; que existem pessoas que são motivadas pura e simplesmente pela compaixão ou prazer pela atividade. Se estes seres realmente são honestos consigo mesmo, fatalmente perceberão que sua motivação não está concentrada na ação que realizam, mas em um pensamento sobre ela. O indivíduo que faz por prazer, é motivado pela sensação de prazer. Neste raciocínio, até mesmo o que é impelido pelo amor ao próximo realiza algo não porque a ação o motiva, mas porque o sentimento de compaixão o impele. Em suma, para agir é necessário um impulso. Ninguém fará nada se não for impulsionado a fazer.  Há impulso mais convincente do que a vantagem? Então o que fazer? 

O equilíbrio é ilusório. A vantagem um mal.

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