14 de dezembro de 2017

Quentin tem que Morrer - Samuel Cardeal


Ação, sangue e referências


Samuel Cardeal é escritor e fã do cineasta Quentin Tarantino. Nesta obra única junta suas duas paixões de forma memorável (e insana?). Já no prólogo do livro temos uma lição sobre conhecimento passado de geração a geração, dando o clima propício para a construção da história. Tudo começa propriamente dito com mais um dia comum da vida de Quentin, um jovem que trabalha em uma locadora de filmes. Depois, pessoas estranhas começam a persegui-lo. Uma saga de perseguição implacável tem início e o aparente motivo de tudo é revelado, sendo contrário ao que o personagem e o leitor pensam. Vilões e mocinhos não estão bem claros, mas Quentin não tem tempo para pensar nisso: precisa comprar armas, aprender a usá-las e se defender, pois querem matá-lo. 

Como se vê "Quentin tem que Morrer" é uma história intensa, rápida e divertida, como se fosse mesmo um filme de ação. O detalhe é que os personagens que aparecem no livro são caricaturas dos criados pelo cineasta homenageado. O mesmo acontece com algumas cenas e creio que, para aqueles que conhecem toda a obra de Quentin Tarantino, identificar estas referências seja muito divertido. Entretanto, a história não se resume à homenagens. Há um enredo que explica tudo aquilo. Ok, um enredo caótico e insano, mas que é coerente. Quentin, o personagem, é bem construído. Sua evolução ao longo da história é plausível. 

O visual do e-book (a versão que tive acesso pelo Amazon) é bem feita, bem editada. Um bom trabalho de fontes e de desenhos, sem tirar o foco do texto. Os textos de abertura do livro e de final feitos pelo autor ajudam o leitor a entender sua intenção e serve como uma manual de instruções sobre a obra. Um bom livro!

Resumindo, se você quer se divertir enquanto lê, é fã de filmes como Kill Bill e Bastardos Inglórios este livro é ideal. Leitura rápida e interessante, visual bem construído e um prato cheio de referências (o que está em evidência atualmente). Este leitor aqui gostou e já se prepara para "Quentin tem que Morrer Vol.2". Se bem que...

Fica a resenha e a dica!
Abraço. 


Quer ler também? Compre aqui:


   

6 de dezembro de 2017

Rainha estará de graça pela primeira vez na história deste país!


O meu livro Rainha estará de graça na loja virtual da Amazon a partir de hoje, o dia 06/12, permanecendo assim até o dia 10/12. 

Baixe no link:


Quer saber mais sobre o livro que você vai ler?


Capa oficial do livro: 


Sinópse:
Bruno Vieira Junior é um ex-delegado que após a morte da sua noiva torna-se um recluso detetive alcoólatra. Contudo, sua vida se transforma depois de ser contratado contra vontade por uma peculiar adolescente. Intrigado, ele aceita investigar o verdadeiro passado da cliente, entrando numa surpreendente trama, cheia de ação e mistério.

Booktrailer:



Confiar mais detalhes aqui:

https://paullawblog.blogspot.com.br/p/rainha.html

Abraço!
Paul Law

1 de dezembro de 2017

Anna e o Planeta


O que esta geração vai deixar para sua sucessora?


Anna e o Planeta é mais recente o romance juvenil do escritor norueguês Jostein Gaarder, conhecido mundialmente por ser autor de "O Mundo de Sofia". Lançado em 2016, a obra narra as preocupações de Anna com o aquecimento global, a extinção dos animais e o desmatamento desenfreado. Paralelamente ao tempo de Anna, há a história de Nova, adolescente do futuro, cujos dias são terríveis por conta do estado do planeta. 

O livro começa com Anna prestes a completar dezesseis anos e ganhando um anel de presente de aniversário. O tal anel, segundo contam, pertenceu a Aladim e possui propriedades mágicas. Fato é que, a partir do uso da joia, a adolescente começa a sonhar com o futuro, com sua tataraneta Nova. Os sonhos parecem reais, o mundo é decadente, o que motiva a personagem a pensar no que sua geração está fazendo à Natureza. Anna sempre pensou no meio-ambiente, mas as outras pessoas tendem a achá-la maluca por dar importância a isto. Ela chega até mesmo a visitar um psicólogo. Ora Anna se vê como Nova, ora ela é sua tataravó e a culpada por ter destruído a Terra. Nova sente raiva das gerações anteriores que nada fizeram para salvar o planeta, não se importando com seus filhos e netos. Ciente deste sentimento Anna decide fazer alguma coisa para mudar o futuro. 

Sem dúvida o livro trata de um assunto importante. A poluição ambiental, a extinção de diversas espécies animais e o aquecimento global são temas atuais e preocupantes. Gaarder tenta despertar no leitor sensibilidade a estas condições que, embora seríssimas, são deixadas de lado. Poucos são aqueles que estão verdadeiramente preocupados com o futuro do nosso planeta e o autor expões esta realidade. Usando de sua filosofia apurada, ele discorre sobre ego, sobre o quanto é difícil pensar em algo que não é tangível num primeiro momento. Quando o impacto de nossas ações forem mais convincentes, será tarde demais. 

Entretanto, Anna e o Planeta é o piro livro dentre todos os que li do autor. Superficial sobre o assunto principal que é a consciência ambiental. Senti falta de dados matemáticos sobre espécies em extinção, sobre o aumento da temperatura da Terra ao longos dos anos. Mais, ainda, qual o verdadeiro impacto da indústria no planeta, a poluição e afins. Afinal, como está o mundo de verdade? Quanto tempo temos se continuarmos a poluir o nosso meio? Estas perguntas não são esclarecidas na obra e isto a deixa superficial, como mencionado. 

Outro ponto negativo são os personagens. São mal elaborados, pouco humanos, sombras de uma Sofia ou de outros tantos mágicos personagens de Gaarder. Aliás, Anna em seus diálogos até se assemelha à Sofia, mas sua construção é imprecisa. Ela é louca? Ela é realmente preocupada com a natureza? Jostein Gaarder na maioria de suas obras conseguiu se conectar aos seus leitores de modo a explicar com poucas palavras coisas complexas, mas aqui, com Anna, esta conexão não existe. Falta texto, falta construção de enredo e personagem. O núcleo de Nova é uma visão possível e coerente do futuro, organizada com verbos no presente, o que dá um efeito impactante ao que é lido. Por outro lado, a personagem também é desprovida de alma, limitando-se a ser um reflexo de Anna em tempo diverso.

Talvez o assunto incomode o leitor e influencie o julgamento. Jostein Gaarder explora esta possibilidade ao refletir sobre o motivo de não nos preocuparmos tanto com a Natureza e isto é uma das melhores partes do livro. Outro ponto que vale destacar é a ideia de Anna e o namorado para salvar o planeta: estimular boas ações com dinheiro, admitindo que o ser humano só se importará com o tema se obter alguma vantagem. Algo assim já foi explorado em obras espíritas e em alguns livros de ficção e a premissa é muito interessante.

Em suma, Anna e o Planeta é um livro de rápida leitura, superficial, de personagens pouco cativantes, cujo o tema principal é atual e importante. O leitor aprenderá quase nada ao concluir a leitura, o que é uma pena. Não se pode acertar sempre, Gaarder é prova atual desta regra.

Fica a resenha e a dica.
Abraço. 

24 de novembro de 2017

Uma menina e uma cadeira



A luz focaliza uma cadeira. Há uma menina sentada nela. Ela abre os braços num movimento exagerado, espreguiça-se. Observa as mãos cobertas por luvas brancas, os braços alvos demais preenchidos por tatuagens. Nas pernas meia-calça rosa, desfiada e rasgada, sapatos brancos. Coloca a mão na barriga, apalpa o tecido bege do vestido de renda.   
Entra um homem.
— Aí está você — ele diz, zangado.
— E aí está você. Cá estamos nós, não é incrível?
— Não comece!
O homem se aproxima da cadeira. Veste um terno negro de riscas cinzas, empoeirado, camisa amarelada, encardida, cuja gola está desfiada. As riscas da calça estão desgastadas, rompidas em algumas partes. Ele abre os braços e confere o próprio figurino.
— Como estou? — diz à dama.
— Você parece bem. O que quer?
O sujeito retira o chapéu abaixa a cabeça, revelando os cabelos crespos, desgrenhados.
— A senhora sua mãe me mandou aqui. Ela quer que volte para casa, está preocupada...
— Diga a ela que fico. Sempre quis dizer isso. Aliás, não diga nada, já que não tenho mãe. Não percebe, não há nada além de nós e esta cadeira.
— A senhorita está, como posso dizer, doente.
— Estou muito bem, nunca estive melhor. Já deu o seu recado, agora pode ir. Espero outros personagens que serão fantásticos, posso sentir. Será uma história incrível, não vê? Não ouve? Não sente o cheiro?
O homem suspira. Coloca o chapéu de volta na cabeça. Sai de cena.
A garota diz:
— Vou confessar uma coisa a vocês: não gosto do meu nome. Eu queria ser chamada por um que começassem com A, como Ana, Amélia, Adriana, Aline ou Aurélia. Não com B de Bianca, Bárbara, Bruna ou Bernadete. Então, tire o B do meu nome e agora me chamo Atriz, o que acham? Sei que esta palavra já existe e é usada para definir uma profissão, mas por que não pode funcionar como nome? Claro que pode, há tantos nomes diferentes por aí... E outra, nome é nome assim que os pais decidem qual será, não havendo critérios pré-definidos para eles.
 “Como podem ver, desculpe é modo de falar, como podem ler, esta história é sobre mim e minha cadeira. Não pense que preciso de mais. Pela esquerda entra uma pessoa, conversamos. Pela direita ela se vai. Não é assim com a vida? Nascemos numa ponta, vivemos, morremos na outra. Escute os passos, lá vem alguém, preste atenção.
Atriz finge estar distraída. Aproxima-se um homem fardado.
— Sentido! — diz a menina.
O homem bate continência.
— Descansar — ela finaliza.
— Senhorita Atriz, queira fazer o obséquio de não resistir.
— Obséquio é gozado.
— Que há de errado com a palavra?
— Nada, só é gozada. Prefiro que use favor.
— Não importa a palavra. Entendeu a ordem? Pois bem, saiba que precisa parar de bobagens. Esta história de uma menina e sua cadeira não tem como perdurar. Que graça há nisso?
— Isto dependerá de nós. Você falou mal da minha cadeira?
— Não tem nada de errado com sua cadeira. Pelo contrário ela até parece uma boa cadeira. O que estou tentando dizer é que o que está fazendo conosco é errado. Eu vim aqui para prendê-la, mas a senhorita desvia o assunto. Faz-me de tolo de um modo que eu não consigo compreender totalmente.
— Há coisas na vida que simplesmente não compreendemos, policial. Tens um nome? Poderia me dizer?
O policial se chama Gaspar.
— Chamo-me Gaspar.
— Pois bem, senhor Gaspar, pense comigo: quando exatamente começa a vida?
— Quando se nasce?
— Nada disso. O feto é um ser vivo, não concorda? Embora não saibamos quando exatamente ele se torna vivente, exames revelam agrupamento de células, movimento, atividade cerebral, o coração batendo, tudo isso atesta a vida. O que acho curioso e o senhor há de me dar razão, é o fato de mesmo com toda a tecnologia que temos hoje, ainda não conseguimos definir o momento exato em que há vida.
— Que diferença isso faz, menina?
— Ora, toda. Saber quando algo começa ou termina é fundamental. Nosso cérebro funciona assim, não percebe? Fim do primeiro ato, início do segundo. Acabou o capítulo treze, iniciou-se o quatorze. Precisamos de termos e inícios para nos organizar. O curioso, penso, é que a Natureza não funciona assim. Há processos, percebe? Uma coisa vai aos poucos se transformando em outra; vida paulatinamente vai se tornando morte. O senhor está morrendo, nota? Eu estou e isso me entristece. Embora tal qual o início, não se sabe, ainda, precisar o fim da vida, todos sabemos que ele há de chegar.
— Está dando nó em meu cérebro.
— Estou só começando.
— Nem pensar. Chega de falar, senhorita Atriz — o policial saca suas algemas. — Já perdi muito tempo, estenda os braços por obséquio, oh, desculpe: por favor.
Atriz estende os braços e o policial a algema.

16 de novembro de 2017

O Curioso Caso de Benjamin Button



Um conto ao contrário 

O Curioso Caso de Benjamin Button é um conto escrito pelo autor estadunidense F. Scott Fitzgerald e publicado originalmente no ano de 1922. Sua principal característica é abordar a vida de forma invertida. O personagem principal nasce velho e vai rejuvenescendo ao longo da história. 

A trajetória de Benajmin começa com o seu nascimento, mas diferente dos outros nascentes, ele vem ao mundo já adulto. Melhor dizendo: idoso, reclamando de dores nas costas, da visão precária. O Sr. Button, seu pai, fica surpreso ao vê-lo pela primeira vez e tem dificuldade em lidar com a inusitada situação. Ao levar o filho para a casa, passa a tratá-lo como um bebê por mais estranho que isso possa parecer. Benjamin, embora adulto, veste-se com roupas próprias de uma criança que acabara de nascer, feitas especialmente para o seu tamanho. Com o tempo sua mãe e seu pai percebem que o filho não é uma criança comum e passam a aceitar que estão diante de um senhor de idade. O Sr. Button vê no filho a figura de seu pai. Eles jogam Xadrez e fazem outras coisas de adulto. Com o passar dos anos, Benjamin desenvolve uma nova peculiaridade: ele rejuvenesce. Passa a nivelar de idade com o pai, o que o faz considerá-lo como um irmão. Mais alguns anos e o homem que nasceu velho casa-se, tem um filho e assume o comando da empresa do pai. Os anos o deixam moço, ele passa a trair a esposa que a este tempo já é uma senhora. O casamento acaba, ele vai à guerra. Quando volta se dá conta de que está na contramão da ordem natural das coisas, o que ainda vai lhe garantir muitos problemas. 

O autor com uma ironia mordaz, explora o tempo de uma maneira interessante. Embora a ideia seja simples (e como toda boa ideia simples, funcione), o conto cumpre o seu papel em apresentar uma vida ao avesso. F. Scott empregou muita imaginação para situar Benjamin no seu tempo e espaço. Diferente do filme, no entanto, a história aqui é mais rápida, menos reflexiva, e até menos coerente. O conto explora de maneira direta a inversão de idade, enquanto o filme tenta dar um sentido mais filosófico às leis naturais.

Em suma, quarenta e quatro páginas muito bem aproveitadas. Uma história rápida e intensa que termina onde a maioria das histórias começa, o que é perturbador.

Fica a breve resenha e dica.     
      

1 de novembro de 2017

A Livraria Mágica de Paris de Nina George


Um livro sobre livros e sentimentos

A Livraria Mágica de Paris de Nina George é uma obra que narra das aventuras de um recluso livreiro que possui um barco-livraria em Paris. Diferente do que se imagina num primeiro momento, o título não faz jus à trama, já que a livraria flutuante não possui propriedades mágicas. O que é mágico, segundo George, é a leitura; sua capacidade de funcionar como remédio para várias enfermidades da alma ou física.

Jean Perdu é o personagem central do romance. Um homem a beira dos cinquenta anos que possui um segredo. Embora trabalhe todos os dias à bordo de Lulu, o seu barco-livraria, vendendo livros aos turistas e transeuntes de Paris, ele vive em um edifício familiar da cidade. Em seu modesto apartamento há um quarto que ele não frequenta. O cômodo há vinte anos foi o local em que passava as noites com Manon, o seu grande amor. Ela o abandonou sem explicações e Perdu fechou aquela porta para jamais abri-la. Entretanto, a chegada de uma nova moradora, o força a mudar de ideia. Caterine precisa de uma mesa e Jean tem uma sobrando no quarto trancado. A nova moradora acaba de se divorciar do marido e ainda está bastante fragilizada, o que faz Perdu querer ajudá-la. Ele, então, visita o cômodo proibido, encara o seu passado, suas lembranças que são como lobos, já que encaradas, não te deixam em paz facilmente. Caterine recebe a mesa e depois devolve a Jean um carta de Manon que estava guardada em uma gaveta. A mensagem escrita há vinte anos pela mulher de sua vida o faz mudar completamente de vida, ele decide buscá-la, resolve entender o que houve, desculpar-se, não sabe bem o que precisa fazer. Embarca em Lulu e juntamente com Max Jordan, um escritor que angariou relativa fama já na estreia e que escolheu o dia errado para uma visita, desce o rio em busca do passado. 

Uma história que fala de livros e sentimentos, como dito anteriormente. Nina George descreve com eficácia o que o remorso pode fazer a uma pessoa. Mais que isso, narra com sensibilidade o que o amor, a amizade, podem fazer a uma alma perdida. Uma obra profunda que trata de recomeço, do tempo, das feridas e da complexidade sentimental humana. Perdu, um homem de leitura, encontra no rompimento de sua rotina o caminho para transpassar as águas do "tempo ferido", fazer novos amigos, perder outros e aceitar o fato de que as coisas são transitórias (por mais belas e intensas que possam ser). Os lugares frequentados pelo livreiro e sua turma são reais. Os rios descritos no livro, as cidades, talvez as pessoas, o que dá um ar de verdadeiro aos fatos. Há um mapa com o percurso de Perdu em sua busca por Manon. Ao final existe um aprendizado, um amadurecimento e o entendimento do que realmente importa numa existência. Dessa vez, no entanto, Jean Perdu, consegue chegar a tempo.

Em determinados pontos da trama, no meio para ser mais exato, a narrativa se torna cansativa. Não há acontecimentos relevantes para o desenvolvimento do núcleo central. São histórias paralelas exploradas superficialmente, viagens cansativas, paradas despretensiosas. Quando Jean e Max deixam Lulu, a história entra nos trilhos novamente e se desenvolve como emoção até a última linha. 

Em suma, um livro maduro, bem construído com começo, meio (longo demais) e fim bem delineados. Uma história que explora a condição humana e o tempo. No final há um brinde interessante aos leitores, já que tal qual Perdu fazia aos seus visitantes, Nina nos indica livros para curar várias doenças. Leitura recomendada!

Fica a dica e a resenha.
Abraço.                

20 de outubro de 2017

Capítulo 13 de Estela foi adicionado ao Wattpad


Há exatamente um ano publiquei o capítulo 12 de Estela no Wattpad. Agora vai o 13 que, somado aos outros, dá uma boa parte do livro. Neste capítulo é revelada a identidade do vilão da história, o Fogo. Explica-se a sua relação com a protagonista.  

Confira no link:

https://www.wattpad.com/story/27815467-estela

Ah, se quiser ler o livro todo é possível adquiri-lo em e-book por apenas R$ 1,99 ou o livro físico por R$ 26,00:


Abraço!
Paul Law

28 de setembro de 2017

30 e Poucos Anos e uma Máquina do Tempo - Mo Daviau


Música, viagem no tempo e outras coisas

O romance da estadunidense Mo Daviau combina rock e arrependimento. Pode parecer clichê falar em viagens temporais com este intuito, mas 30 e Poucos Anos e uma Máquina do Tempo (que título enorme!) tem outros recheios. Apresenta romance, física, datas de shows importantes e, é claro, muita música. 

Tudo começa com o personagem/narrador Karl Bender se metendo em uma enrascada. Sim, ele tem um "buraco de minhoca" em seu apartamento que usa para viajar no tempo e assistir shows de bandas de rock do passado, mas não é por isso que as coisas dão errado. Nem mesmo por "vender" vagens a outros amantes do rock antigo.O problema é o seu melhor amigo e o responsável por tornar o buraco de minhoca funcional:Wayne DeMint. O sujeito quer voltar no tempo e impedir o assassinato de John Lennon. Bender tenta dissuadi-lo, dizendo que o buraco de minhoca não deve ser usado para alterar o passado, mas Wayne está decidido. Bender cede, eles programam a viagem, só que há um pequeno erro de cálculo. Karl esquece de colocar o número 1 para o ano de viagem ser o de 1980, mandando o amigo para o ano de 980. É por isso que o personagem principal precisa conseguir ajuda de um físico para trazer Wayne de volta; é por este motivo que ele conhece Lena. 

Daviau tem uma escrita agradável e fluída, mesmo narrando pelos olhos de um personagem um tanto quanto sem graça. Karl Bender é um ex guitarrista de uma banda de médio sucesso, o Axis, já desfeita no tempo em que a história ocorre. Sempre se comparando e invejando ao vocalista desta banda, o excêntrico Milo, ele tem uma vida medíocre (mesmo podendo viajar no tempo). A jovem física Lena dá um up na vida decadente do narrador, mas também causa-lhe problemas, num misto de amor e ódio explorado de forma interessante. 

Saudosista, futurista, uma bagunça temporal e emocional, 30 e Poucos Anos e uma Máquina do Tempo é um livro da nossa época. Mostrando personagens emocionalmente fracos, arrependidos, buscando algo que não sabem definir; tentando fazer as pazes com o passado e ficarem bem no futuro. Esta faceta dos personagens é o que há de mais interessante na obra. No final o que importa é o caminho, não o ponto de chegada. Leitura recomendada.

Fica a dica e a resenha.
Abraço.        

20 de setembro de 2017

A Máquina



A primeira vez que ele a viu, mesmo tendo ouvido falar, não soube precisar o que era. Uma televisão? Um rádio? As duas coisas juntas? Aproximou-se, cores berrantes, alavancas, botões. O cômodo era escuro. Seu amigo contou-lhe que havia perdido toda a manhã anterior ali. O dono do estabelecimento fez como se eles não estivessem no local, se enfiou entre duas daquelas máquinas e as ligou. O som saiu antes da imagem, alto. Incrível.

Funcionava com fichas, como os orelhões, percebeu. Pequenos círculos metálicos com os dizeres "havai" deveriam ser inseridos na parte de baixo da máquina para dar-lhe alguns minutos de diversão. Dez centavos, um crédito. Era difícil ter uma moeda para trocar por uma ficha, mas dava um jeito. Também, se não desse não tinha problema: observar a máquina já lhe bastava. Via-na como um símbolo da cidade, da modernidade, não conhecia a palavra tecnologia para usá-la.

O desempenho na escola caiu. As imagens da tela de tubo não saía da cabeça. Repetia o som dos golpes dos lutadores, coisa de infância atrasada. Enforcava aula (chamava assim gazear, encabular, não entrar na escola), mas ninguém dava falta, afinal era invisível. Trocava coisas velhas por moedas, a fim de conseguir alguns minutos no controle da máquina. O dono das máquinas era discreto, como todo bom dono de algo importante. Talvez não se importasse, talvez estivesse ocupado com algo importante. Como poderia imaginar que estava em seus últimos anos? Mas a vida é assim, momentos que ficam, mas passam; pessoas que são, mas foram. Tudo na memória de alguém que se vai. 

Não havia felicidade maior do que estar diante da tela.           

   

6 de setembro de 2017

Ainda


Limites, repetição, prisão. Todas estas palavras significam a mesma coisa para ela. Nem mesmo um nome lhe deram. É uma mulher de vinte e poucos anos que dança a mesma música com o mesmo par no mesmo lugar e no mesmo momento. Na verdade, só há um instante e ele se mantém. Ela sabe que alguém os observa. Às vezes consegue sentir o toque quente sobre a tela. Querem saber se é real; se não é uma cópia. A tinta secou há muitos anos, mas a dança não acaba enquanto existir a observação. Quando as portas se fecham, os passos se afastam e as luzes se apagam é que pode desfrutar da liberdade. Conversar, se sentar, beijar. De dentro, a tinta é sempre fresca. Sair? Ela sabe que é possível, embora não possa precisar como. É como um nome na ponta da língua que teima não sair. Um gatilho prestes a atingir o cão do revólver. O cheiro de pólvora é assustador. Como sabe identificar o cheiro de pólvora? A música toca infinitamente, as mesmas risadas e comentários. Tudo é tão previsível e automático que não há vida.
Ela não está mais dançando. Em sua frente há um homem de traços orientais. Ele é pequeno, forte, ágil e confiante. O sujeito cobra-lhe foco. O suor escorre do peitoral definido do homem. O que faz ali? É confuso. É complicado. Ele fala o seu nome. Ela sabe que é o seu nome, mas não consegue guardá-lo na memória. O que está havendo? 
Segura a taça com delicadeza. O cristal está próximo aos seus olhos castanhos para análise. Franze o cenho ao imaginar que o objeto foi moldado em homenagem aos seios de uma rainha. Teria bebido vinho demais? Não seria a única. A risada alta, gestos exagerados, franqueza, são observados no salão. Todos estão felizes, o observador se foi. É noite lá fora. Uma mulher bonita se aproxima, os seus ombros descobertos estão suados. A festa é em homenagem ao casamento desta mulher que é sua amiga e isto basta. Basta? Não. Falta algo. Um objeto. Ela pergunta:
— Onde está sua aliança?
— As pessoas não vão entender — o homem de traços orientais fala o nome mais uma vez. 
Ele está certo. Não é fácil compreender que todo ser humano não passa de um objeto de adorno; que sua vida está presa em uma joia dimensional. O oriental é apenas uma aliança perdida, já que se tomassem consciência de sua existência ele teria o mesmo fim das outras joias.

Guardado.

— Eu a perdi — a Noiva dá de ombros. 
Ela beberica o resto do vinho de sua taça. Responde: 
— Deveria tomar mais cuidado.    
— Ainda acho que algumas coisas não podem ser evitadas.
Ela abre os olhos vigorosamente. Um estalo, um chute no estomago, um atropelamento, buzinas. A taça escapa-lhe dos dedos e ganha o assoalho de madeira estilhaçando-se. Ela afasta a cadeira, desajeitada. Noiva também se levanta sob constantes pedidos de desculpa. Entre os cacos há uma aliança prateada e reluzente. 
Ele se chama Jun-fan e não morrerá de velhice. Tem esposa e dois filhos ainda (é esta a palavra) pequenos. Em que ano está? Não importa. É como admirar um quadro, os detalhes continuam ali, mas a visão da totalidade é que é chamada de arte. O relevo da tinta, o desenho que mais parece um borrão se observado de perto. A moldura fecha o mundo, assim como o metal cerca a vida. Repetição. Tudo está pré-determinado para aqueles que estão afastados. Os afastados são como o observador. A explicação é bem simples: são aqueles que podem ver a totalidade.
— Liberte-se — é o que Jun-fan diz. 
Ela pensa em argumentar com ele, explicando-lhe que a vida é um círculo prateado, donde não se pode precisar o local do começo e o fim, mas desiste. O homem acredita verdadeiramente no que diz e há algo estranho nele. Ela sabe o que é; percebe que já viu alguém com habilidades similares; um ser capaz de compreender a beleza de uma joia. 

Ourives.

Os joelhos pressionam o assoalho de madeira ao som do vidro esmagado. O anel está pinçado e em frente aos seus olhos. 
— Ele me fez colocar em sua bebida. Disse que algo está acontecendo; que você precisa se preparar.
Ela gira o anel entre os dedos. O metal frio, uma vida. Quem? 
— Coloque-o — diz Noiva.


Você pode acompanhar outras histórias dos personagens do Mundo Oito aqui. 

15 de agosto de 2017

À Sua Porta - Oscar Mendes Filho


O diário de alguém com transtornos mentais  

"À Sua Porta" é o último livro publicado pelo autor Oscar Mendes Filho. O escritor de terror é conhecido no meio literário por seus 14 livros publicados, dentre eles Prisioneiro da Eternidade, Relatos Macabros 1 e 2 e Sombras do Castelo. 

Este livro, entretanto, é diferente dos outros títulos do autor, já que não é voltado para o terror propriamente dito. Tem características mais psicológicas (horror psicológico). Já no início do livro entendemos que o "original" chegou até Oscar em um pacote sem remetente. O misterioso que lhe enviou o futuro livro não fazia questão de ser reconhecido, tampouco de ter o seu nome atrelado à obra. O seu único desejo era o de ter suas memórias publicadas. Ao ler aquela história o autor não pôde negar o pedido...

Escrito em primeira pessoa, direto, rápido e perturbador, À Sua Porta aborda diverso temas atuais como a depressão e o suicídio. O personagem principal, embora possa facilmente ser confundido com qualquer adulto, tem seus segredos e o binômio: "o que sou de verdade" e "o que pareço ser aos olhos dos outros" é constantemente explorado. Um relato de uma mente em deterioração, em conflito e inquieta que foi cuidadosamente lapidado. 

O leitor é absorvido imediatamente pela história apresentada, de modo que passa a se preocupar com o seu desfecho. Esta sensação é propositalmente agravada por frases de efeito, indagações e fomentações de expectativa, o que torna a leitura fluída e rápida.

Rápida demais, diga-se, já que as quase 150 páginas da obra são lidas imediatamente, deixando o leitor com vontade de conhecer mais sobre o narrador e sua história. Em suma, uma leitura agradável, sem floreios, mas sutilmente reflexiva, capaz de prender imediatamente. 

Fica a resenha e a dica.
Abraço.


Ah, para você que ficou curioso, deixo o link para adquirir a obra e descobrir como um autor de terror recebeu uma história de outra pessoa para publicá-la:



Para conhecer as demais obras de Oscar Mendes Filho, sua biografia e outras notícias:



Blog do autor:


9 de agosto de 2017

Dê "Por que, Pai?" de presente neste dia dos Pais

O meu livro "Por que, Pai?"comemorou um ano de publicação dias atrás. Sua temática aborda a figura paterna por uma ótica reflexiva, veja a sinopse do livro: 



Sinopse

Até onde uma escolha pode levar uma pessoa? À felicidade, ao remorso, à loucura ou à destruição? Denis Ferreira é um advogado falido. Deprimido, afunda-se no álcool. Ao reencontrar Julieta, sua filha, revive momentos terríveis. Ela o coloca contra a parede em busca de respostas; tem ânsia por saber quais motivos justificariam aquela decisão capaz de mudar a vida de toda a família. 
Por que, pai?

Veja o que os especialistas em leitura falam do livro:

"Por que, pai? É uma história emocionante, de tirar qualquer estado bom do leitor para o sensível e até mesmo nos fazer chorar, é algo que não esperava tanto assim e agora trago em forma de resenha a minha opinião, creio que nesse ano fora um dos livros mais tocantes e diferentes que costumo ler." - Segredos Literários

"Por quê, Pai?, Paul Law consegue criar um enredo cheio de nós que são desatados a medida que adentramos a leitura e a medida que conhecemos os mais íntimos sentimentos de Denis, o pai que teve que fazer uma escolha que mudou completamente sua vida. Mas não se espante se tudo não for como você pensou que seria. Não se espante se em determinado momento a história der uma guinada que te fará chorar e enraivecer  ao perceber que história tinha muito mais que contar do que aquilo que imaginaste." - São Tantas Coisas

O booktrailer:


Você pode comprar o livro por R$ 38,00 (trinta e oito reais) no site da editora:


Ou na loja da Phoculos:

http://phoculos.com/loja/por-que-pai

Abraço! 

26 de julho de 2017

Vantagem


Nos dias atuais obter vantagem é algo comum e incentivado. Propagandas televisivas exageram na possibilidade de obter algo por um preço menor do que ele realmente vale; pessoas se vangloriam por ter “economizado” ao comprar pela metade do preço; contam com orgulho quando enganam as autoridades ou recebem dinheiro que não lhes pertencem. Estacionam em vagas que são exclusivas para deficientes ou idosos sob o pretexto de que “ninguém está usando” ou “há muitas vagas e poucos usuários deste tipo”. Tudo em nome da vantagem! Elas estão certas? Estamos? 

A vantagem por sua própria natureza é um desiquilíbrio. Por sua vez, desiquilíbrio é um erro de divisão. A balança pende para um lado e este fato é autoexplicativo. Frisa-se: toda vez que há vantagem, na outra ponta há desvantagem. Para que um ganhe o outro precisa perder. Dito isto, pense: preciso mesmo vencer? É necessário ter vantagem? Há outro modo de viver?

As religiões ao longo dos séculos nos deram uma pista sobre este assunto. Pregaram, envolta de   adornos e fumaça, a compaixão; mostraram o mundo do outro. Empatia, seria esta a palavra para começarmos a entender o problema da vantagem. O lado do outro. Lembre-se que a sua vitória será a desgraça de alguém. Não daria para estabelecer um empate?

Compre menos, obtenha menos benefícios, não leve vantagem. Pense menos em si. 

O problema do empate é que ele não é motivador. Sem a possibilidade de ganhar algo em troca do que se faz, perde-se a própria vontade de fazer. Embora seja uma qualidade da qual não se deve orgulhar-se, não se pode negá-la. Não há aquele que faça simplesmente pelo amor ao labor. É necessário ganhar pelo que se faz; é preciso valorizar o trabalho realizado, sobretudo o bom trabalho que, consequentemente é o trabalho de alguém que ama o que faz.

Há pessoas que dirão que tal premissa é uma inverdade; que existem pessoas que são motivadas pura e simplesmente pela compaixão ou prazer pela atividade. Se estes seres realmente são honestos consigo mesmo, fatalmente perceberão que sua motivação não está concentrada na ação que realizam, mas em um pensamento sobre ela. O indivíduo que faz por prazer, é motivado pela sensação de prazer. Neste raciocínio, até mesmo o que é impelido pelo amor ao próximo realiza algo não porque a ação o motiva, mas porque o sentimento de compaixão o impele. Em suma, para agir é necessário um impulso. Ninguém fará nada se não for impulsionado a fazer.  Há impulso mais convincente do que a vantagem? Então o que fazer? 

O equilíbrio é ilusório. A vantagem um mal.

18 de julho de 2017

Clube de Livros Phoculos



Lembram-se que eu havia dito que a Phoculos ia montar um Clube de Livros? Pois então, ele já está montado e você pode assiná-lo agoira mesmo. 

O Clube de Livros Phoculos possui conteúdo inédito de diversos autores. Contos romances e poesias de acordo com a estação do ano:

clique na imagem para ampliá-la

Os planos de assinatura podem ser mensais, trimestrais ou anual. Há a possibilidade de comprar uma estação específica, como o Verão, por exemplo. 

Assim que atingirmos 50 assinantes o Clube vai começar!

Confira os detalhes no link:


Não é o máximo? 

Além receber bons livros, você ajuda a Phoculos a alavancar a carreira de escritores iniciantes!

Abraço. 

  

12 de julho de 2017

Entremundos - Neil Gaiman e Michael Reaves


Uma passada rápida por várias realidades 

Intitulado apenas de "Entremundos" este é o primeiro livro da trilogia de Gaiman e Reaves que aborda o tema multiverso numa pegada mais adolescente. Nele conhecemos Joey Harker, um adolescente estadunidense que tem um senso ruim de direção, capaz de se perder até mesmo entre os cômodos de sua própria casa. Aliás toda a história se desenrola por causa dessa habilidade do protagonista. Em um trabalho de escola, cuja missão é encontrar um ponto específico depois de ser abandonado em um lugar aleatório, Harker descobre que tem uma habilidade especial: ele é capaz de "saltar" para outras realidades. No começo, sem orientação e instintivamente, o personagem principal se vê confuso, mas com o tempo aprende que faz parte de um grupo especial de pessoas, as que são capazes de "andar". Joey Harker é treinado, conhece outras pessoas com a mesma habilidade e é convocado a lutar na guerra entre ciência e magia. Curiosamente (ou não) os seus companheiros de equipe são versões alternativas dele próprio.

Os autores esclarecem que originalmente a saga de Joey deveria ser televisiva. Estes traços são imediatamente notáveis nas páginas do livro que é rápido, dinâmico e sem muitas explicações. Há um começo impactante, um tempo de amadurecimento, um desastre e um desfecho heroico. Os personagens não são bem delineados, embora compreender o protagonista é como entender boa parte deles. A impressão que o leitor tem ao final é de que leu um roteiro, notou uma ideia interessante, mas pouco lapidada. Em suma, trabalhar com conceitos de realidades variáveis é interessante e foi bem colocado pelos autores, mas a sensação ao final da leitura é a de que faltou explorar o campo, introduzir conceitos. É uma leitura mediana, comparada a outras obras de Neil Gaiman e não se justifica pelo fato de ser voltada para um público mais jovem. Há obras do mesmo autor que são incríveis mesmo sendo direcionadas ao público juvenil. 

Fica a resenha. 
Abraço                

30 de junho de 2017

Resultado da promoção "Ester na minha casa!"

Acabei de realizar o sorteio do livro Ester edição clássica entre os seguidores da página Paul Law. Veja só os prints do resultado:

O número 149 foi sorteado

Thayna Diniz Miranda foi a ganhadora!
Parabéns Thayna! Logo entro em contato para obter os dados de envio do livro. Você que participou e não ganhou, não fique triste, pois logo teremos mais sorteios.

Curta a página, fique ligado. 
Abraço! 

14 de junho de 2017

O Mundo Oito está no Wattpad

Capa principal
Pense em uma história que mistura pinturas famosas, filosofia, joias e viagem no tempo. Estas são as premissas da minha web-série, livro, conto, projeto, ou qualquer coisa parecida que está disponível para ser lida no Wattpad. 

Eis o link:


E a sinopse: 

Imagine um quadro. Agora pense que os personagens desta obra de arte estão vivos, mas presos em suas respectivas posições e funções e que só podem se desvencilhar desta maldição quando ninguém está olhando para a tela. O Mundo Oito é uma dimensão alternativa onde seus habitantes estão presos ao momento, mas tudo isto está prestes a mudar com o uso de joias capazes de transportá-los ao nosso mundo.  


capa do capítulo 2

capa do capítulo 3

Originalmente para cada capítulo havia uma capa especial. Veja todas nesta postagem. Duas delas são pinturas famosas!

capa do capítulo 4
Os personagens das pinturas aparecem na história, assim como algumas celebridades históricas.  

Acompanhe por lá, deixe seu comentário.

Abraço!  

12 de junho de 2017

Um sorriso e um olhar


Penso em amor como um sorriso e um olhar. Um sorriso verdadeiro é bonito, não importa por quantas vezes se repita. Admirar os olhos de alguém que você goste é fascinante. Mesmo que o tempo dê a eles contornos indesejáveis, você ainda vai vê-los como da primeira vez. É mágica, simples assim. 

Muita gente acredita que o tempo é inimigo do amor. O relacionamento esfria, vira rotina. Tem o filhos, as contas, o trabalho. Você mal vê aquela pessoa que está do seu lado. Mas aqui, mais uma vez, acontece a mágica. Basta um olhar, um sorriso e pronto. Tudo parece novo de novo. 

Há quem classifique amor de forma horizontal e vertical; quem o mensure, escreva métodos, fórmulas, mapas. Quer saber? Amor é mágica, só isso. Nos tempos atuais não há outra palavra para defini-lo de forma mais exata. É quando alguém se lembra do seu casaco mesmo que você nunca use um. Quem fecha o portão de casa para você; serve seu jantar. Amor é cuidar do outro não por obrigação, mas por gostar do outro. Por isso, amor não se compra e não se vende. 

Presente é muito bom, mas não substitui a presença. Não substituirá a sensação de vê-la hoje quando eu chegar em casa. Mesmo que ela esteja em seus trajes caseiros, basta um sorriso e um olhar e estarei diante da mulher mais linda do mundo. Mágica, simples assim.             

9 de junho de 2017

A Phoculos vai enviar livros todo mês ajudando autores e aproximando leitores



A Phoculos iniciou um projeto inovador, cujo objetivo é aproximar autores e leitores. É um clube de livros por assinatura, com conteúdo inédito de diversos autores. Contos romances e poesias de acordo com a estação:

  • No Verão, Fantasia e Mistério;
  • No Outorno, Drama e Terror;
  • No Inverno, Ficção científica e Thriller;
  • E na Primavera, Slice of life e Comédia.

Não é o máximo poder receber todo mês um livro inédito? Eu quero participar tanto como leitor como autor e acho incrível esta possibilidade. 

Veja as metas do projeto e os detalhes neste link:


A mensalidade é a partir de R$ 49,50 e além receber bons livros, você ajuda a Phoculos a alavancar a carreira de escritores iniciantes!

Eu quero e você?

Abraço.

1 de junho de 2017

Tem sorteio do livro Ester no fim do mês


No último dia do mês de junho será sorteado mais uma exemplar do livro Ester, edição clássica. As regras para concorrer continuam sendo as mesmas veja:

- Siga a minha página do Facebook:


- Aguarde o sorteio que será no dia 30 de junho. 

Lembrando que todos os seguidores da página concorrerão. Se o sorteado já tiver ganhado o livro, será realizado um novo sorteio. 



O que está esperando para concorrer?
Até logo! 

24 de maio de 2017

A Era Vermelha


No tempo da Era Rubra surgiram os sacrifícios. A Virtude diminui um quarto e os homens, confusos, buscavam a Verdade através de cerimônias religiosas. Havia diferença entre o Divino e o Humano, pois perdeu-se a Identidade. Os homens conseguiam o que desejavam doando e fazendo. A religião que era una, dividiu-se em quatro e a Mente, então, diminuiu; a Verdade declinou para que chegassem as Doenças, os Desejos e as Calamidades. Estabeleceu-se o Pecado e o homem conheceu os castigos e o Medo.    

*Texto adaptado de trecho do conto "As idades do Universo" do livro "A Princesa que Enganou a Morte"  

17 de maio de 2017

A Era Perfeita



Há muito tempo havia apenas uma religião, de modo que não se pensava em conceituá-la, pois não se conhecia divisão. Todos os homens eram santos e não havia deuses nem demônios. Os homens nada compravam e tampouco vendiam e por isso não havia pobreza ou riqueza. Consequentemente, não era preciso trabalhar e tudo era conseguido pelo poder da vontade. O desapego dos desejos mundanos era a maior virtude. Por causa dele, não havia doenças, decadência ou velhice. Não existia ódio, vaidade, maus pensamentos, dor ou medo. O espírito elevado alcançava toda a humanidade, pois todos sabiam que eram parte do superior e infinito. Havia harmonia e reconhecimento e mais nada era necessário. 

*Texto adaptado de trecho do conto "As idades do Universo" do livro "A Princesa que Enganou a Morte"  

2 de maio de 2017

A história do primeiro vendedor de laranjas do mundo


Era uma vez um sujeito que tinha um pequeno pomar de laranja em seu quintal. Ele plantou as árvores frutíferas pensando em colher laranjas para si mesmo, mas no momento da colheita há muitas laranjas. Elas irão estragar se ele não as dividir. O que ele faz? Sua primeira ideia é dar laranjas aos seus vizinhos e isto até que funciona num primeiro momento. O problema surge quando há muitos vizinhos querendo laranjas e não há para todos. Então, o homem escolhe aqueles que receberão laranjas. Os que ficam sem, no entanto, revoltam-se e pensam num modo de mudar a situação.  Eles oferecem benefícios/vantagens para o dono das laranjas em troca da fruta. Dê-me suas laranjas e te dou um pedaço de carne; dê-me laranjas e te dou limões. O futuro vendedor, então, começa a trocar suas laranjas por outras coisas que precise ou deseje. 

Agora, os primeiros vizinhos que recebiam laranjas apenas pela benevolência do dono e sem dar nada em troca estão em desvantagem. Para “voltar ao jogo ” eles precisam oferecer algo em troca das laranjas. 

Com o tempo, esta troca de laranjas por outros produtos fica confusa. Um pedaço de carne vale quantas laranjas? E limões? Para resolver o problema o homem tem a ideia de escrever em um papel esta informação: Uma dúzia de laranjas vale um pernil. O dono da carne, por sua vez, faz o seu título de crédito: Um pernil vale duas dúzias de laranjas.

Há um novo problema: não se pode usar laranjas ou pedaços de carne, nem limões para medir o valor das coisas. É necessária uma medida padrão, algo que se aplique a qualquer coisa. Os envolvidos resolvem criar tal papel e convencionam chamá-lo de dinheiro. 

Agora, o vendedor de laranjas cobra certa quantia de dinheiro por dúzias de laranjas. Com este dinheiro ele pode comprar certa quantidade de pernil ou limões e tudo parece bem, mais uma vez. Entretanto, o astuto vendedor de fruta logo percebe que há um custo para colher suas laranjas. O tempo de espera para que amadureçam, o preparo da terra, a colheita no momento certo e a chuva. Estes fatores devem ser levados em consideração na hora de estipular o valor de sua laranja. Assim, ele aumenta o preço da dúzia com base nesta justificativa. O fornecedor de carne entende o raciocínio, o produtor de limão também. Eles fazem o mesmo. 

19 de abril de 2017

O Silêncio das Montanhas - Khaled Hosseini


Crueldade e benevolência são a mesma coisa


O Silêncio das Montanhas é o título do terceiro romance do escritor Khaled Hosseini (já resenhei outra obra do autor aqui). Nele é narrado o dilema de uma pobre família afegã que se vê obrigada a entregar um filho a um casal bem abastado a fim de evitar que todos morram de fome. 

O livro começa com uma história contada por Saboor, pai de Abdullah e Pari, sobre um demônio que de tempos em tempos visitava a aldeia a fim de sequestrar uma pessoa para servir-lhe de alimento. Certa vez o filho predileto de uma pobre família foi o escolhido e o pai se entristeceu tanto que decidiu ir até a casa do demônio para desafiá-lo. Quando chegou ao local pretendido, percebeu que seu filho vivia muito bem ali; tinha uma vida que jamais teria se tivesse vivendo com seus irmãos em casa. O pai inconsolável então percebe a crueldade do demônio. Benevolência e crueldade são íntimas para quem já viveu muito, diz o demônio. Este conto narrado pelo pai dos protagonistas dá uma boa visão do que se trata o enredo do livro todo.  No segundo capítulo a narrativa muda para a terceira pessoa e conhecemos os personagens e os fatos que justificaram a viagem na qual o conto foi narrado, culminando na entrega da menina Pari de apenas três anos para a família Wahdati. 

A partir daí, o autor divide a obra em núcleos que exploram as consequências deste ato. Personagens figuram como principais por um tempo e suas histórias se conectam para criar um enredo maior. Cartas, relatos em primeira pessoa são misturados a narrativa comum no intuito de contar o que houve com os irmãos separados. Muitos anos são visitados e a impressão que fica é a de que tudo está interligado; a realidade daquele povo não muda com as gerações futuras.  

Hosseini é excelente ao contar suas histórias. São carregadas de sentimentos na quantidade certa. Foge ao clichê e prende o leitor imediatamente. O conto que abre o livro é uma ótima introdução. Diferente de em "O Caçador de Pipas", cuja narrativa seguiu mais linear e compacta, aqui, o autor é livre. Esta liberdade exagerada pode confundir o leitor, já que a mudança de núcleo é brusca e descontextualizada (num primeiro momento). Histórias muito diferentes que possuem apenas a mesma pátria como ligação. 

Por sua vez, quando a narrativa se fixa nos personagens centrais inciais, o arremate é emocionante. Em suma, um livro longo, de várias histórias paralelas que se juntam para formar algo maior, emocionante, impactante. 

Ótima leitura. Fica a resenha e a dica.
Abraço.