5 de agosto de 2015

Tomo XIII - Presos


Água fria. Desespero. Mae desperta num grito. Estava amarrada a uma cadeira desconfortável, os braços para trás, a cintura sem o coldre. Ao seu lado viu Bruce, agora com o rosto regenerado. Na frente deles um homem forte, jovem e de braços metálicos. Ele estava acompanhado de mais quatro pistoleiros de farda branca.
— Sabe quanto aqueles dois policiais me custou? — ele perguntou, colocando o balde de madeira no chão.
Mae se debateu na tentativa inútil de se livrar. Bruce não tinha forças para fazer o mesmo.
— Desculpe. Estou aqui falando de dinheiro sem antes me apresentar — ele estendeu a mão de ferro — Sou Vander Oliver Thatcher, xerife de Nova.
O antebraço do xerife fez um estranho barulho e um cano sobressaiu. Ele atirou contra Bruce, derrubando o caubói de costas. Era de calibre 12.
— Seu filho da puta! — Mae gritou.
— Ora o que temos aqui? Uma bandida arredia! Vou adorar te amansar.
Ele veio em direção de Mae com o braço metálico apontado para o busto da pistoleira. Ela respirava profundamente num misto de ódio e pavor.
A porta metálica da cela se abriu.
— Desculpe, mas há uma ligação para o senhor.
— Diga que estou ocupado, policial — Vander apertou um dos seios de Mae.
— É da capital.  O xerife Morrison.
Ao ouvir aquele nome Thatcher retraiu o seu braço imediatamente.
— Ok. Só um minuto e continuamos de onde paramos — ele sorriu para Mae.
 Seguido dos outros policiais deixou a cela depois de trancá-la. A bandida se debateu freneticamente em nova tentativa de se libertar. Mais uma vez, em vão, constatou ofegante com a cabeça entre as pernas. Ouviu um barulho. Quando voltou sua atenção para o companheiro baleado, notou que ele havia se soltado. Bruce se aproximou para desamarrá-la.
— Estamos quites — ele disse.
— Aquele porco fedorento! — Mae acariciou os pulsos doloridos.
Bruce caiu.
— Merda, o que há com você? — ela se ajoelhou ao lado do amigo.
— Estava com o nível baixo de avermelhamento — ele disse num sussurro.
— Que tem isso?
— Bem, pouco sangue, pouca vida.
— Você está morrendo?
— É o que parece.
— Não tem algo que eu possa fazer?
— Até tem, mas poderá custar a sua vida também.
Mae levantou o braço direito e observou o orifício metálico por onde era inserido o líquido de avermelhamento. Apertou o pulso e o buraco de ferro esticou num pequeno cano metálico. Plugou o caninho ao pulso de Bruce. Não viu mais nada.
— Ei, Mae, acorde. — era Parker num sussurro.
Ela continuou silente ainda deitada, mas agora atenta ao que dizia o comparsa.
— O xerife vai voltar logo, por isso temos de ser rápidos. Eu tenho um plano.
Vander não tardou a retornar a cela dos bandidos. Tudo estava exatamente como havia deixado, embora achasse sua prisioneira um pouco mais abatida. O outro bandido continuava caído com a roupa manchado de sangue, o que impediu o xerife de notar o fato de o ferimento ter desaparecido.
— Pronto — ele se aproximou. — Contei que estava recebendo a visita de vocês e adivinha? Morrison teve uma ideia esplêndida: quer te enforcar em praça pública lá na capital.
Mae fingiu se debater mais uma vez, mas fitou os revólveres na cintura do xerife.
— Chega de papo. Eu vou aproveitar as maravilhas que a natureza te deu antes de despachá-la para Neo Texas.
Aproximou-se de Mae, puxando o decote até rasgá-lo. A pistoleira continuou inerte enquanto o bandido enfiava a cabeça grande entre os seus seios.
Bruce se levantou devagar enquanto o xerife se mantinha distraído. As mãos do pistoleiro agarraram a cabeça surpresa de Vander, virando-a bruscamente. Com o pescoço quebrado o xerife caiu morto sobre o colo de Mae Dickson. Ela agarrou as armas do coldre do cadáver já antecipando a chegada de novos inimigos. Jogou uma arma para Parker e ambos atiraram contra os policiais que vieram em socorro do xerife.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Bem-vindo. Seu comentário é muito importante!