8 de julho de 2015

Lao-Tsé e a dualidade

Há um tempo publiquei a reflexão "Seja água, meu amigo!". Nela comentei sobre a ideia que permeava o livro de Bruce Lee. Esta ideia é de Lao-Tsé, o nosso autor comentado nessa postagem. Antecipo que não se trata de um estudo filosófico propriamente dito, pois não tenho a intenção (nem a capacidade) de realizar tal tarefa. São comentário de um leigo, um singelo curioso.

Lao-Tsé, o "jovem velho", fala muito sobre a dualidade atinente às coisas. O sentido contrário, o antagonismo. Amor ou ódio; dia ou noite; bem ou mal; homem ou mulher; o Uno ou o Verso. Indo um pouco mais longe ele ensina que não há contrariedade propriamente dita, mas complementação. Uma ideia só pode ser compreendida em sua integralidade quando acompanhada da outra. Assim, o sentido integral de algo só é possível a partir do conceito de toda a dualidade. Só posso saber o que é amor, quando analiso o seu aparente contrário, o ódio. O inverso também é verdadeiro. Seguindo, quando se alcança o conceito integral de algo, por sua própria natureza, perde-se o sentido. Amor deixa de ser amor; dia deixa de ser dia. A "coisa" se torna "ausência". A ausência é o campo a ser preenchido e é para onde todas as coisas convergem. Neste raciocínio, o vazio é Deus.

O livro que revela Deus


Parece um pouco complicado refletir sobre isso e há muito mais em "Tao Te Ching". Para fazer uma ponte entre Bruce Lee e Lao-Tsé, podemos comentar que ambos pregam que a verdadeira forma é não ter forma; que a inteligência humana ou técnica é um modo de afastar o ser da sua verdadeira identidade. Eu consigo perceber que o raciocínio da dualidade também cabe aqui, porque só posso conhecer alguma coisa a partir do seu contrário e quando o faço, percebo que os sentidos se anulam e me levam a um outro, novo, integral, mas impossível de ser compreendido por mim. Então ser água é como estabelecer uma conexão com o que não posso compreender dada a minha condição humana. Embora jamais possa ser como Deus (que é íntegro), quando abandono as amarras dos procedimentos, posso encontrar o meu verdadeiro eu. 

Assim sou livre.    

   

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