31 de julho de 2015
Entre Nozes 2
28 de julho de 2015
O Diário do Fezesman: Cegueira
A propriedade da visão não é exclusiva dos seres humanos. Deles é, uma vaga ideia do que é ver; de todas as formas possíveis. Nas minhas rastejadas por aí tenho me deparado com posicionamentos no mínimo intrigantes. Assustadores também.
Pessoas que por julgarem sabidas precisam expor sua vã sabedoria para que digam que são sábias. Auto autodidatas, auto escritores, auto filósofos, auto tudo. O problema é na hora do exemplo e aí não há nenhum. Paradoxo? Merda nenhuma…
E tem a cegueira boa, se é que podemos chamá-la assim; a cegueira da ignorância. Por desconhecer como as coisas realmente são, acredito que sei o suficiente. Acredito que tenho algo de importante para dizer… Não deveria deixar as pessoas julgarem se o que eu digo é importante?
Eu falo um monte de merda, você tem razão. Aliás, não estou também querendo convencer alguém de que a maneira como vejo as coisas é a mais sensata? Não sou eu, um cocô que quer aparecer? Pois isso me ocorreu agora e não sei o que fazer. Acho que é melhor parar de escrever.
Fezesman é PhD em Cosmologia das Fezes, autor do livro “Fezes entre nós” e professor titular da UP (Universidade Privada).
24 de julho de 2015
Tomo XII - Bem-vindo a Nova
22 de julho de 2015
Gaian, o Reinício - Cláudio Almeida
Um mundo fantástico
Cláudio Almeida é de Brasília/DF, escritor publicado recentemente pela editora Novo Século com o livro Gaian, o Reinício. Já foi notícia aqui no blog há um bom tempo, quando ainda concebia o livro que resenho (postagem aqui). Com muito trabalho, dedicação e perseverança, o autor é exemplo de que é possível realizar o sonho de ganhar as livrarias.
Gaian é um mundo fantástico, repleto de magias, lobisomens, elfos e dragões. Como o nome sugere, é o palco para os acontecimentos narrados no livro. Em “O Reinício”, primeiro de sete planejados pelo autor, nos deparamos com a queda de um reinado e suas consequências para o resto do mundo. O subtítulo se justifica pelo ressurgimento dos guerreiros sagrados de Gaian, convocados em tempos de crise. É justamente um desses guerreiros que faz as vezes de personagem principal. Seu nome é Arffek e ele estava lá quando o Reino do Norte sucumbiu perante a investida de traidores. Naquele dia, ele próprio perdeu muito…
O cenário muda, vamos para a pacata Arinon, onde o prefeito Ehlen convoca os seus conselheiros para que novas medidas se segurança sejam tomadas. Ele pressente que algo de ruim está para acontecer. A chegada de Arffek ao local, em busca de um novo guerreiro sagrado dá indícios de que o líder está certo, embora ninguém acredite nele. Por falar no guerreiro sagrada de Eldor, após a Batalha do Grande Salão, como ficou conhecido o embate derradeiro entre os guerreiros do bem e os traidores, Arffek se tornou outra pessoa. Agora mais poderoso, violento e objetivo. Ele é o portador de Austral, a lendária espada de Gaian, chamada de Vingadora dos Céus, e vai empunhá-la para reunir todos os guerreiros sagrados e devolver a paz ao mundo, embora a vingança turve a sua razão algumas ocasiões. Estes são aos elementos iniciais que o autor utilizou para construir sua narrativa épica.
Cláudio Almeida misturou o que há de mais conhecido no gênero fantasia às próprias ideias para conceber uma história marcante. Além das criaturas fantásticas mencionadas anteriormente, o leitor vai se deparar com um sistema de magia bem construído que está à disposição dos paladinos da justiça ou dos inimigos, dependendo do conhecimento do manipulador. O próprio Arffek faz uso de muitos artifícios mágicos ao longo dos seus combates, lembrando em muitas ocasiões um personagem de RPG. Por falar nisso, Gaian, O Reinício é uma obra bastante visual, seja pela descrição de ataques mágicos ou pela narrativa dos combates, extensa. As lutas são dinâmicas, embora longas e o seu desfecho em algumas ocasiões não é propriamente o final.
De forma geral, a maneira de contar do autor é detalhada. Ele utiliza bastantes adjetivos com o intuito de dar ênfase à ação ou ao personagem. Acredito ser requisito do estilo “épico” de narrar reforçar as ideias que se quer colocar ao leitor e isso se desenrola bem em Gaian. Os personagens cumprem o seu papel. Arffek, por exemplo, possui um histórico, uma identidade. Personalidade facilmente deduzida dos acontecimentos pelos quais transpassou. Embora em alguns pontos ele manifeste poderes excessivos, em outros a sua condição emocional o torna frágil. Às vezes esta mesma condição o faz forte também. O primeiro livro de Gaian é introdutório. Há muitas batalhas ainda por vir, inclusive o confronto entre o bem e mal propriamente dito.
Em suma, a obra é um livro de fantasia, calcada em elementos já conhecidos do gênero, somados às ideias e críticas do autor. Um livro visualmente bonito, bem feito, recheado de desenhos nas aberturas de capítulos que não deve em nada ao que se vê fora do país. Dá pra imaginar uma série de TV, filme ou jogo de Gaian sem muito esforço.
Fica a resenha e a dica.
Para comprar o livro:
https://www.facebook.com/pages/A-Saga-do-Infinito/715483958562401?sk=app_206803572685797
No Facebook:
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20 de julho de 2015
Promoção, Estela e A Lei do 30
Abraço e até a próxima postagem.
17 de julho de 2015
Tomo XI- Agora eu sei
14 de julho de 2015
O Catálogo de Corpos
8 de julho de 2015
Lao-Tsé e a dualidade
6 de julho de 2015
Tomo X - A tenda
— Efeito visual — ele explicou enquanto acendia a fogueira — Verde relaxado, vermelho sob ataque. Yin e Yang.
— Mais coisas que gritam a você?
Ele sorriu de satisfação. Depois apontou para o céu:
— Olhe, estrelas. Elas também brilham, Mae. São lugares distantes. Será que está tudo bem por lá? Também fazemos parte delas e elas de nós.
— Xamã, ainda não compreendi o motivo de ter me trazido. Apenas fiz uma pergunta e se não quer respondê-la, tudo bem.
— Há uma coisa interessante no fato de você estar seguindo comigo. Há muito se dizia que aquele que não sabe a qual direção seguir, qualquer caminho lhe será apropriado.
Mae suspirou e se aconchegou sobre o velho trapo que lhe servia de cama. O velho mexeu no fogo com uma vareta.
— Amanhã tudo fará sentido, não se preocupe.
Foi assim mesmo que ocorreu. Apesar de não tão simplório quanto a conclusão possa parecer. Por volta do meio dia seguinte a dupla encontrou o acampamento dos bandidos. Estava no meio do deserto, mas tinha água, cavalos e tendas. O nome não podia ser outro: A tenda. Era um tipo de comitiva de cavaleiros que avançava pelos desertos de Novo Oeste protegida por pistoleiros avermelhados. Atualmente três: Xamã, Damian e Bruce. Estes bandidos saqueavam cidades em busca de dinheiro e alimentos para os demais ocupantes da Tenda.
— A lei do 30, Mae — explicou Xamã, enquanto cavalgava lentamente entre as tendas. — Todas essas pessoas sabem bem que é assim que as coisas funcionam e por isso estão conosco. Elas buscam proteção e sabem que depois que partimos das cidades não demora para as coisas voltarem a ser como antes. Um novo xerife, recomeço da exploração assegurado pelos malditos policiais.
Chegaram a uma carroça maior estava à frente e destoava das tendas. A porta ficava aberta e havia um divã metálico no centro, além de uma estranha máquina posicionada lateralmente. Em cima dela um galão com líquido verde, brilhante.
— Aqui está a belezura que me deu as marcas — ele sacou o revólver.
Mae ficou confusa. Tentou deixar o lugar mas as pessoas que estavam ali a seguraram. Xamã apontou a arma para o seu peito. Mandou retirar toda a roupa ou lhe mataria ali mesmo. Ela o fez com lágrimas nos olhos.
— Eu não sei como explicar sem mostrar, Mae. Deite-se.
Quando a garota se deitou, não imaginou que estava prestes a sofrer um tipo grotesco de cirurgia. Foi amarrada ao divã. Ouviu um homem dizer:
— Preciso de duas emendas de pulso — ele passou o bisturi sobre o punho de Mae, abrindo-o até a palma da mão.
Não havia anestesia de modo que ela se debateu freneticamente na tentativa inútil de se livrar daquilo. O sangue lhe escorria abundantemente.
— Quanto mais mexer mais sangue vai perder. Fique calma, estamos apenas respondendo à sua pergunta.
Apesar de toda a dor e do desespero por não saber o que estava acontecendo, as tentativas inúteis de se libertar acalmaram-na um pouco. Os dois pequenos canos metálicos foram testados pelo operador da máquina. Um clique e ele aumentou de tamanho, tal qual uma vara de pescar retrátil. Outro clique e ele se retraiu. Foram inseridos entre os nervos do punho da menina. Ela apenas bufava por conta da dor enquanto pontos foram dados nos pulsos. O cirurgião disse:
— Tudo pronto para a inserção dos nano-robôs.
Cabos finos foram desenrolados e plugados nos novos orifícios que sobressaíam dos punhos de Mae.
— Inserindo o sangue sintético — ele apertou um botão na máquina ao lado.
Assim que o líquido começou a perpassar pelo seu corpo, Mae teve convulsões. As veias estufaram de maneira sobre-humana, verde. O operador da máquina esquadrinhava todo o corpo da garota, conferindo por onde as veias verdes perpassavam, como se pudesse medir o tanto que seria suficiente.
— Inserindo cabo de evacuação de sangue para estabilizar o líquido do corpo.
O coração parecia que ia explodir no seu peito, mas o alívio veio com o plugue do cabo no braço esquerdo. Sangue começou a ser drenado por ali.
— Estabilizando. Processo de avermelhamento quase concluído.
Foram as últimas palavras do cirurgião que Mae ouviu, antes de perder a consciência.
Sonhou. Nele era como se não tivesse mais um corpo físico e pudesse acessar tudo o que tivesse vontade. Todos os lugares eram familiares, as pessoas, os tempos. Não podia se imaginar como um ser isolado, mas uma peça de um todo maior e incrivelmente útil. Era como se sempre soubesse; como se as respostas gritassem por atenção. Podia pegar qualquer uma.
Acordou num pulo. A respiração acelerada a cabeça doendo. Os olhos, o que havia com eles? Que sons eram aqueles? Vomitou. As respostas vinham imediatamente. O difícil era prestar atenção nelas. Mais uma onda de vômito.
— O que vocês fizeram comigo? Essas pessoas, esses lugares, tirem da minha cabeça.
— Bem-vinda, Mae Dickson. Agora você sabe...