18 de maio de 2015

Tomo VI - Visitando Liandra


Hoje Mae Dickson se arrepende de um dia ter afastado de propósito aquilo que tinha de tão especial e impossível de ser simulado pelas máquinas do passado: os sentimentos. Deveria ter se revoltado contra Ruben Madison. Tentado matá-lo. Morrido tentando. Teria sido mais digno do que ocorreu depois. Teria evitado sua cruzada. Parou no portal de entrada do vilarejo. Os muros metálicos refletiam a luz do sol e a guarita comportava um policial. Ele a recebeu com tiros, já antecipando pelo modo que vestia o fato da visitante ser uma bandida. 
O corpo de Mae absorveu as quatro balas. Ela sacou sua arma e disparou certeira. O projétil entrou pela viseira da guarita e espatifou com a cabeça do adversário. Em seguida, as balas inimigas que estavam alojadas no seu corpo foram expelidas automaticamente.
Ela desceu do cavalo. Guardou a arma no coldre depois de girá-la entre os dedos. Correu na direção do cadáver no intuito de acessar os portões de entrada da cidade, mas a guarita estava trancada. Resolveu subir no teto do pequeno cubículo metalizado. Tomou distância e pulou em direção ao muro. Desiquilibrou-se na manobra, mas conseguiu cair do lado de dentro de Liandra. Uma perna e um braço quebrados. Lágrimas de dor desceram dos seus olhos ao mesmo tempo em que percebeu que os alarmes soavam. Precisava de tempo para que as fraturas se curassem. Cinco minutos e já podia se levantar. Deveria ser furtiva e encontrar Donovan Flink.
Esgueirou-se pelo muro enquanto observava os policiais vasculharem. Talvez estivesse com sorte, afinal não observou presença de avermelhado. Seguiu cautelosa até a delegacia que sabia ser fortemente protegida. 
— Ali! — foi o grito de um policial quando identificou Mae próxima das escadas do local que em tese abrigaria o xerife.
Ela sacou suas armas enquanto correu para uma das pilastras da fachada. Muitos disparos se sucederam estilhaçando o concreto. Quando os inimigos recarregavam suas armas ela deixou o esconderijo e atirou. 
— Puta que pariu! Ela é avermelhada. 
Alguns policiais correram dali. Muitos estavam mortos. Mae ouviu um deles dizer ainda:
— Código 5. Artilharia contra vermelhos! 
Sabia que tinha de ser rápida. Correu na direção do portal da delegacia e o abriu, imprudente. Um disparo de doze a arremessou de volta às escadas com uma flor de carne e sangue no estômago. 
— Caia fora, aberração! — disse a mulher obesa que portava aquela arma.
Mae a reconheceu imediatamente: Cindy, a escrava de Flink.
— Não atire, por favor. Vim por causa do que ocorreu em Runner anos atrás.
A mulher abaixou a arma.
— Meu Deus, você é quem estou pensando que é?
A esta altura o ferimento de Mae já havia se curado, mas ela continuou deitada com as mãos sugerindo rendição. 
— Onde está o seu amo? 
— Não importa, vou matá-la! — a mulher levantou a escopeta mais uma vez. 
Automaticamente Mae sacou um dos revólveres e disparou contra a cabeça de Cindy. 
— Porra, não! — ela arremessou a própria arma contra a parede — Eu não queria fazer isso! Oh, Cindy, me perdoe! 
Chorou debruçada sobre o corpo de quem acabara de matar. Um disparo pelas costas a tirou daquele momento. Sacou a arma que restou e atirou contra o policial que a alvejara. Ele caiu rente a porta. Mais homens se aproximavam. Ela deslizou sobre a mesa e deu um chute derrubando-a para usá-la como escudo. Com perícia foi derrubando todos os policias que ganhavam o seu campo de visão.  
— Podem vir, bastardos! — ela ficou em posição já identificando um policial avermelhado. 
Quando um grupo de cinco pistoleiros apareceu na entrada da delegacia, do alto das escadas alguém gritou:
— Parem! 
Era Donovan Flink. 
Mae se virou imediatamente lançou o revólver na direção do xerife.
— Devolva o meu filho!

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