7 de maio de 2014

O Dia do Curinga de Jostein Gaarder

Um grande jogo de alguém

Jostein Gaarder é um autor norueguês já famoso por conta de um livro chamado “O Mundo de Sofia” (já comentado aqui). Filósofo-escritor ou escritor-filósofo, sua história da pequena Sofia nos convida a refletir sobre a própria existência. Isso também acontece em “O Dia do Curinga”.

O Dia do Curinga foi publicado originalmente em 1990, ou seja, é mais velho que o seu irmão famoso O Mundo de Sofia de 1991. Algumas ideias contidas nele se repetem com Sofia, mas a ótica é outra. Não me cabe contar mais sobre isso para não estragar a leitura de ambos os livros. O que fica é o fato de em ambos a Filosofia exercer um papel crucial na vida dos personagens.

O livro conta a história da viagem do menino Hans-Thomas com o pai no intuito de reencontrar a mãe que o abandou há oito anos. A procurada que se chama Anita saiu de casa para tentar se encontrar e, segundo informações colhidas pela dupla, está atualmente em Atenas trabalhando como Modelo. A viagem segue para a Casa dos Filósofos.

No caminho, Hans-Thomas ganha uma lupa de um anão, passa por um curioso vilarejo, conhece um estranho padeiro e recebe dele pães. Num desses pães está um minúsculo livro que, com a ajuda da lupa do anão, vai lhe contar uma fantástica história sobre uma ilha mágica, cartas de baralho que ganham vida e bebida que não pode ser experimentada mais que uma vez. A partir daí temos duas histórias: a do menino Hans-Thomas na busca pela mãe e a do jovem Albert, personagem principal do livrinho,  na ilha mágica. Conforme ambas as histórias avançam, descortina-se a relação surpreendente entre elas e também as influências. Como num jogo místico de cartas, é possível prever o futuro.

O autor insere nas páginas da obra de forma sutil os conceitos filosóficos que tanto lhe agradam. Não se trata de aula de Filosofia, como pode ser interpretado de sua obra mais famosa. Aqui as questões existenciais tem um propósito mais prático, mais perto da realidade dos personagens. Há uma busca, há curiosidade e há o descobrimento. O que fica, agora, talvez, tal qual nas páginas que sustentam Sofia, é a dúvida. Como se dá a Criação? Qual é a verdadeira relação entre Criador e Criatura? Existe sorte ou somos todos sortudos? Ciclos, o que isso quer dizer? Tudo isso e muito mais são assuntos para o dia do Curinga.

É excitante para um leitor perceber que ao final da sua experiência, algo ficou. Que existe mais para ser entendido; que não se trata de um livro fim, mas meio. Jostein parece ter esta característica como autor e daí pode ser classificado como um filósofo-autor. Ele nos faz pensar e querer saber; incita-nos com sua forma simples e direta de contar. O Dia do Curinga é recomendadíssimo para todos aqueles que desejam ver as coisas de uma forma nova; consciente e surpreendente. E você, já sabia que As 52 cartas do baralho (tirando os curingas) simbolizam o número de semanas do ano e, se você somar os valores de cada carta e depois somar 1 (curinga) o resultado é 365, a quantidade de dias do ano? 

Fica a resenha e a dica.

Abraços.             

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