19 de setembro de 2011

Crônicas de Ester: O jogo de Vida e Morte




O Jogo de Vida e Morte
                  
Em todo lugar há vida e morte, é preciso que se diga. Victória sabia também, ainda que sua condição atual fosse um estado de ambas as coisas e agora fazia sentido. Estava ao lado da Morte e da Vida e não sabia o que se sucederia.
— Ela é minha — disse Lady.
— Não se trata de sua ou minha, Lady. Victória pode escolher o que quer, ela detém o dom da escolha.
— Balela. Eles se matam e depois é possível escolher? Morte é morte.
Jacira, vestida com sua jaqueta branca, pintada no rosto de vermelho e com os cabelos escorridos em nanquim enfeitados por penas se aproximou:
— O que quer?
— Estou assustada, não sei bem.
— É preciso que saiba. Você foi baleada e não sobreviverá. Teu corpo frágil não suporta a fúria dos outros humanos, mas tua essência, que é a mesma que a minha é poderosa e tudo pode.
— Ela não entenderá o que diz, Vida. — Lady, suspirou.
— Façamos o seguinte: por um tempo você é minha; por outro, dela. Terá experiência para saber do que digo.
Victória mantinha-se silente. Quando alvejada, implorou para que o ferimento não lhe fosse letal; desejava viver, era tão jovem. Mas aquela estranha entidade, pessoa, ou seja lá o que era aquela índia, disse-lhe que seu corpo estava fadado a deixar de funcionar. Morreria?
— Quer jogar comigo, Jacira? Acho impossível que ela tenha capacidade de compreender o que está insinuando; que ela pode sobreviver. Os olhos de carne não deixam eles enxergar.
Vida sorriu:
— Essa é a diferença entre nós. Eu acredito na capacidade deles. Vamos continuar com o planejado e no fim de sete dias veremos.
Sumiram Lady Morte e Vida.

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