A paixão de Miranda
Miranda era belíssima. Tal qual uma flor única no deserto; tal qual água aos olhos de quem tem sede. Era seu desejo que vivia, tinha finalmente compreendido. Ao lado do bom José, procurava deixar o local que despertara para nova vida, rumando ao sul dada impossibilidade de seguir ao norte.
Caminhado para deixar aquelas terras, foi que a menina bela e o amigo se deparam com cavaleiros. Ela nunca havia visto um. José já os conhecia:
— São os cavaleiros da Ordem dos Virtuosos. Bravos homens que lutam pela justiça. Na frente vê-se Sir Jorge, o maior deles.
Miranda tinha os olhos azuis presos no líder. Era forte, imponente e tinha os olhos castanhos lançados ao horizonte. O cabelo curto, a barba por fazer e sobrancelhas grossas:
— Vamos pedir-lhes ajuda! — Miranda teve a ideia.
José achou sensato e se dirigiram para cercar os cavalos. Quando Jorge dos Virtuosos fitou aquela mulher de cabelos castanhos reluzentes e de pele sem defeitos, sentiu-se estranho. Fragrância de rosa adentrou por suas narinas e ele ouviu sinos em seus ouvidos. Ao encontrar com os olhos dourados da diva, mergulhou em um estado hipnótico. Ouviu apenas a voz dela:
— Precisamos de ajuda.
— Estamos vivos para servi-la, milady.
José achou estranha a resposta do cavaleiro. Ela soou sem entonação, como se ele não estivesse raciocinando. Ao fitar os outros cavaleiros virtuosos, deduziu que Miranda exercia domínio sobre todos. Era a mesma expressão sem vida que se podia notar. Estavam todos hipnotizados.
Miranda sorriu ao notar que os virtuosos estavam admirados com sua beleza:
— Quero que levem a mim e ao meu amigo.
Jorge estendeu sua mão:
— Será uma honra.
José disse:
— Miranda, menina, não acha que algo está errado?
— Acho que nunca tudo esteve tão certo.
Tudo que a jovem pedia era atendido com prontidão. Ela pôde notar que os homens sentiam atração por sua pessoa, que não podiam deixar de atendê-la. Certa noite, perdida com os virtuosos em densa floresta, quando acampavam para passar a noite, disse para Jorge:
— Quero que se case comigo.
— Caso. É o meu maior desejo tê-la por esposa.
José ao ouvir a resposta do cavaleiro, sabendo que este já era casado interrompeu:
— Você já é casado, Sir Jorge. É marido da Rainha Ádria.
— Cale-se, velho! — o cavaleiro desembainhou sua espada.
— Não o machuque, futuro esposo. — Miranda interveio. — Casaremos e não há nada nem ninguém para impedir.
Os outros cavaleiros sentiram-se traídos. Queriam também casar com Miranda. Um deles disse:
— Não é justo que o escolha. Ainda mais sendo ele comprometido. Melhor seria ter a mim por marido, já que sou solteiro e bravo guerreiro.
Jorge levantou-se furioso e ainda de espada em punho, apontou para o cavaleiro:
— Desafia o teu mestre?
— Pelo amor de Miranda, a qualquer um.
— Pois disputaremos pela lei da espada.
Todos desembainharam suas armas e o estopim da guerra estava para chegar ao fim.