15 de junho de 2010

Um amigo, Uma Opinião Importante


Acho fantástico o dom do ser humano de poder opinar sobre alguma coisa. Acredito que nossa sociedade carece de bons opinadores, de bons críticos. Quando digo crítico, não me refiro à pessoas que apontam defeitos aleatoriamente, mas aqueles que fundamentam suas opiniões em fatos e entendimento. Vou transcrever aqui, uma opinião dessas, bem feita, bem fundamentada e bem aceita. O autor é o jovem Escritor, futuro Psicólogo e meu amigo Paulo Uzai:
"Eu aguardei muito para ler a obra. Queria dedicar um tempo especial lendo-a. E não me arrependo de ter esperado tanto. Desde que o Paulo estava escrevendo o conto, pedaço a pedaço, ele me mandava recados sugerindo a leitura da sua obra. – Sinceramente nunca gostei de ler pedaços de obras, pois fico numa angústia sem fim para saber a continuação. E se a continuação da obra demorar... Eu fico maluco! Quando terminei de ler Ester, estava tomado por uma grande comoção. Fiquei realmente triste com toda aquela situação dramática do final, feliz com alguns desenrolares... Tudo veio para fechar e dar um sentido para a obra, numa carga de emoção humana; Emoção Viva!
Creio que na literatura têm-se dois tipos de formas para encarar a realidade. A forma mais direta, onde o ficcionista mostra um drama falso, mas que poderia ser possível na realidade humana. E outro tipo, algo que tem como base a realidade, mas que transcende para a fantasia, para coisas irreais e sem muita explicação... E esse outro tipo de literatura é parecido com os nossos sonhos. Eu sempre, quando leio, imagino os contos como um filme, uma série, ou algo do tipo. Quando li o Senhor dos Anéis, por exemplo, imaginei aquilo não como um drama possível, pois seria impossível de se ter Orcs perambulando por aí; Mas sim imaginei como um sonho – Onde se tem a realidade, mas as possibilidades são vastas para modificar essa realidade.
Lendo os primeiros capítulos de Ester, percebi que a escrita do Paulo se dava nesse nível dos sonhos (sonhos no sentido da realidade do Senhor dos Anéis... Algo fantasioso). Havia tantas coisas fantásticas no mundo onde Ester estava que só pude caracterizar aquilo como um sonho (no final eu acertei, mas não imaginei que seria um sonho de verdade). Na realidade, no conjunto geral da obra, vejo que o Paulo misturou a fantasia com um drama real e possível, e entrelaçou isso de uma forma muito agradável. A diferença do sonho do Senhor dos Anéis e o sonho de Ester é que, no primeiro temos todo um mundo criado em cima daquele sonho, e aquele mundo é o real. No segundo vemos que há o mundo real, há um drama possível e real, e por detrás de tudo isso há algo tão real quanto os outros dois itens: o sonho de uma garota.
Além do mais outro ponto marcante foi como o Paulo usou de elementos da realidade, até de algumas questões de filosofia, para mover a trama. Principalmente com o Soberano, as conversas iam para um nível mais profundo. Aliás, falando em personagens, Amélia e Daniel foram personagens que me chamaram a atenção. Amélia por sua inteligência, e Daniel por sua consciência moral. Eu achei muito legal a presença de mais personagens que tinham virtudes elevadas, do que a presença de personagens mais baixos, ou de seres mais malignos. Mesmo o soberano sendo um ser mau, não havia muitos seres malvados. Isso me chamou a atenção, pois o imaginário brasileiro (e o meu também, obviamente) se acostumou a ver seres maus.
Talvez até seja um reflexo da alma de alguns brasileiros. – O tema mais usado em filmes, novelas e alguns contos (até contos de alto nível) é sobre traição, baixeza moral, esquecimento do amor, e daí pra diante. Parece que ter esperança e amar o próximo não é um tema interessante para se abordar... Parece que foge à realidade (o que é mentira, obviamente). Este fato é outro ponto positivo à obra do Paulo, ele coloca a esperança e o amor como algo possível; Mesmo que só em sonho!
Os pontos negativos da obra foi ela ser curta de mais... Não que isso seja ruim, obviamente não é, mas, para mim, adoro penetrar na obra e ficar um bom tempo ali. Ester é um conto que dá para se ler em dois dias (mesmo eu demorando uma semana; Mas isso não vem ao caso). E acho que os temas e diálogos nas aventuras da pequena Ester poderiam ser tratados com mais profundidade. Isso é um gosto meu, e talvez se o Paulo fizesse isso, a obra na ficaria boa. – É que temas como livre arbítrio, juventude e morte são temas muito bons e, lendo a obra, fiquei pensando muito a respeito (pensando muito a respeito na óptica do conto... Em outros vieses de possibilidades).
Num conjunto geral Ester é um bom conto, cheio de surpresas e emoções (e uma grande emoção guardada no fim). O Paulo se mostrou um autor muito criativo e sensível aos acontecimentos da realidade.Um conto é um pedaço da sua alma que se mostra ali. O que o autor aborda são questões e possibilidades que ele, no mínimo, pensou muito a respeito; Aquilo está incorporado no espírito dele.
Não vou estender mais o comentário, que já está grande em demasia. Apenas agradeço ao Paulo por me dar a oportunidade de ter uma bela leitura durante esses dias. E que mais contos venham, pois, afinal Ester é a prova que você tem talento para a escrita. Então quero mais obras suas na minha coleção."

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