30 de junho de 2010

Resenha de meu livro Ester




LAW, Paul. Ester. Campinas: Editora Revelar, 2009.

Adentrando num mundo aparentemente fantasioso, a protagonista Ester se vê perdida de casa e de tudo que conhecia como possível. Sua condição infantil a ajuda a se adaptar às fantasias que passa a conhecer enquanto busca encontrar o caminho de volta para casa. Numa aventura que envolve personagens inusitados como Baltazar que morre todos os dias, Maria Falsa que não consegue ser verdadeira e uma população chamada de Povo dos Braços Virados que possui os cotovelos para o lado de dentro dos braços, Ester depara-se com problemas que afligem todas as pessoas. Contudo, com sua bondade resolve-os com simplicidade e ainda nos ensina.
O autor quis e quer mostrar-nos uma pessoa simples quase que inexistente na nossa sociedade contemporânea, pois Ester é simplesmente uma criança com boas intenções sem se preocupar com as consequências de seus atos. Trata-se de uma criança que cria o seu mundo através de sua formação simples e que muito nos ensina por ser exatamente assim: bem intencionada.
Talvez curto, ou quem sabe propositalmente insuficiente para nos esclarecer todas as questões que envolvem a trama, Ester termina de maneira inesperada saindo bruscamente da fantasia para adentrar na realidade. Entendo que o autor quis nos deixar imaginar...


23 de junho de 2010

7:06 de Fagner JB

Fagner JB é um escritor peculiar, é minha primeira observação. Saber sua real intenção, seus motivos e até mesmo sua técnica é mistério. Acredito que provem daí a peculiaridade mencionada no inicio deste texto e também a "mágica" de acompanhar seus escritos. Desta vez, trago ao conhecimento de meus amigos e leitores o seu livro 7:06 .

O livro que menciono faz uso de uma técnica inusitada para prender o leitor, ele possui vários núcleos distribuídos em capítulos, num roteiro bem trabalhado e coerente. Explico: Aparentemente os capítulos são fechados, ou seja, contam a história de um ou mais personagens, num determinado contexto, mas que depois passa a fazer parte do contexto de algum outro capítulo posterior, num jogo alucinante de quebra-cabeça. Não é um livro ameno, fácil, tampouco de leitura superficial. Pelo contrário, trata-se de um livro profundo, de interpretação e que retrata a sociedade atual com seus defeitos mais visíveis e suas soluções. É de se pensar.
A técnica de roterização do autor é impecável.

Eu mesmo, utilizo de método similar quando estou escrevendo os contos de Ester aqui no blog, quero que se encaixem, como vejo acontecendo em 7:06. Para quem quiser conferir do que estou falando, segue o link: https://fagnerjb.com/loja/7h06

É isso aí, por hoje!

15 de junho de 2010

Um amigo, Uma Opinião Importante


Acho fantástico o dom do ser humano de poder opinar sobre alguma coisa. Acredito que nossa sociedade carece de bons opinadores, de bons críticos. Quando digo crítico, não me refiro à pessoas que apontam defeitos aleatoriamente, mas aqueles que fundamentam suas opiniões em fatos e entendimento. Vou transcrever aqui, uma opinião dessas, bem feita, bem fundamentada e bem aceita. O autor é o jovem Escritor, futuro Psicólogo e meu amigo Paulo Uzai:
"Eu aguardei muito para ler a obra. Queria dedicar um tempo especial lendo-a. E não me arrependo de ter esperado tanto. Desde que o Paulo estava escrevendo o conto, pedaço a pedaço, ele me mandava recados sugerindo a leitura da sua obra. – Sinceramente nunca gostei de ler pedaços de obras, pois fico numa angústia sem fim para saber a continuação. E se a continuação da obra demorar... Eu fico maluco! Quando terminei de ler Ester, estava tomado por uma grande comoção. Fiquei realmente triste com toda aquela situação dramática do final, feliz com alguns desenrolares... Tudo veio para fechar e dar um sentido para a obra, numa carga de emoção humana; Emoção Viva!
Creio que na literatura têm-se dois tipos de formas para encarar a realidade. A forma mais direta, onde o ficcionista mostra um drama falso, mas que poderia ser possível na realidade humana. E outro tipo, algo que tem como base a realidade, mas que transcende para a fantasia, para coisas irreais e sem muita explicação... E esse outro tipo de literatura é parecido com os nossos sonhos. Eu sempre, quando leio, imagino os contos como um filme, uma série, ou algo do tipo. Quando li o Senhor dos Anéis, por exemplo, imaginei aquilo não como um drama possível, pois seria impossível de se ter Orcs perambulando por aí; Mas sim imaginei como um sonho – Onde se tem a realidade, mas as possibilidades são vastas para modificar essa realidade.
Lendo os primeiros capítulos de Ester, percebi que a escrita do Paulo se dava nesse nível dos sonhos (sonhos no sentido da realidade do Senhor dos Anéis... Algo fantasioso). Havia tantas coisas fantásticas no mundo onde Ester estava que só pude caracterizar aquilo como um sonho (no final eu acertei, mas não imaginei que seria um sonho de verdade). Na realidade, no conjunto geral da obra, vejo que o Paulo misturou a fantasia com um drama real e possível, e entrelaçou isso de uma forma muito agradável. A diferença do sonho do Senhor dos Anéis e o sonho de Ester é que, no primeiro temos todo um mundo criado em cima daquele sonho, e aquele mundo é o real. No segundo vemos que há o mundo real, há um drama possível e real, e por detrás de tudo isso há algo tão real quanto os outros dois itens: o sonho de uma garota.
Além do mais outro ponto marcante foi como o Paulo usou de elementos da realidade, até de algumas questões de filosofia, para mover a trama. Principalmente com o Soberano, as conversas iam para um nível mais profundo. Aliás, falando em personagens, Amélia e Daniel foram personagens que me chamaram a atenção. Amélia por sua inteligência, e Daniel por sua consciência moral. Eu achei muito legal a presença de mais personagens que tinham virtudes elevadas, do que a presença de personagens mais baixos, ou de seres mais malignos. Mesmo o soberano sendo um ser mau, não havia muitos seres malvados. Isso me chamou a atenção, pois o imaginário brasileiro (e o meu também, obviamente) se acostumou a ver seres maus.
Talvez até seja um reflexo da alma de alguns brasileiros. – O tema mais usado em filmes, novelas e alguns contos (até contos de alto nível) é sobre traição, baixeza moral, esquecimento do amor, e daí pra diante. Parece que ter esperança e amar o próximo não é um tema interessante para se abordar... Parece que foge à realidade (o que é mentira, obviamente). Este fato é outro ponto positivo à obra do Paulo, ele coloca a esperança e o amor como algo possível; Mesmo que só em sonho!
Os pontos negativos da obra foi ela ser curta de mais... Não que isso seja ruim, obviamente não é, mas, para mim, adoro penetrar na obra e ficar um bom tempo ali. Ester é um conto que dá para se ler em dois dias (mesmo eu demorando uma semana; Mas isso não vem ao caso). E acho que os temas e diálogos nas aventuras da pequena Ester poderiam ser tratados com mais profundidade. Isso é um gosto meu, e talvez se o Paulo fizesse isso, a obra na ficaria boa. – É que temas como livre arbítrio, juventude e morte são temas muito bons e, lendo a obra, fiquei pensando muito a respeito (pensando muito a respeito na óptica do conto... Em outros vieses de possibilidades).
Num conjunto geral Ester é um bom conto, cheio de surpresas e emoções (e uma grande emoção guardada no fim). O Paulo se mostrou um autor muito criativo e sensível aos acontecimentos da realidade.Um conto é um pedaço da sua alma que se mostra ali. O que o autor aborda são questões e possibilidades que ele, no mínimo, pensou muito a respeito; Aquilo está incorporado no espírito dele.
Não vou estender mais o comentário, que já está grande em demasia. Apenas agradeço ao Paulo por me dar a oportunidade de ter uma bela leitura durante esses dias. E que mais contos venham, pois, afinal Ester é a prova que você tem talento para a escrita. Então quero mais obras suas na minha coleção."

8 de junho de 2010

"Passione" e "A História de Ana Raio e Zé Trovão"
















Ontem, a emissora de Silvio Santos começou a reprisar uma novela da antiga Teve Manchete, cujo nome está no título desta postagem. Podemos analisar, de imediato, grande mudança de como se fazia novelas antes com as que fazem hoje.

Vamos ao texto do wikpédia sobre "A história de Ana Raio e Zé Trovão":
A História de Ana Raio e Zé Trovão é uma telenovela brasileira produzida pela extinta Rede Manchete, e filmado em Mato Grosso, exibida de 12 de dezembro de 1990 a 13 de outubro de 1991. Foi escrita por Marcos Caruso e Rita Buzzar com a colaboração de Jandira Martini, idealizada e dirigida por Jayme Monjardim e teve co-direção de Roberto Naar e Marcos Schehtman. Ana de Nazaré, ainda criança, mora numa fazenda no Rio Grande do Sul com o pai e aos treze anos é estuprada por Canjerê. Ana fica grávida e dá a luz a uma menina a quem dá o nome de Maria Lua, e que acaba sendo raptada pelo pai. Treze anos se passam e Ana de Nazaré transformou-se em Ana Raio, uma afamada peoa de uma companhia de rodeios que procura a filha que lhe foi tirada dos braços após o nascimento, enquanto corre o país com sua caravana. Ao lado de Ana está João Riso, apaixonado por ela e que faz de tudo para agradá-la e ajudá-la a encontrar a filha. Um dia a caravana de Ana Raio cruza com outra caravana importante, a de Dolores Estrada, cuja a maior atração é o peão Zé Trovão, um rapaz que desconhece seu passado. Entre rodeios, feiras e viagens pelo Brasil, a história de amor entre Ana Raio e Zé Trovão se consolida.

E agora sobre a nova novela das oito:
Passione é uma telenovela brasileira, que é escrita por Sílvio de Abreu, e com direção-geral de Carlos Araújo e Luiz Henrique Rios, direção de Allan Fiterman, Natalia Grimberg e André Câmara e direção de núcleo de Denise Saraceni.Cerca de 50 anos antes do início da trama, a personagem Bete, grávida de outro homem, teria conhecido e se casado com Eugênio, que, inicialmente, se comprometeu em assumir a criança. Durante toda sua vida, Bete acreditou que seu filho não tinha resistido ao parto, e falecido, mas, no primeiro capítulo, Eugênio, à beira da morte, lhe revela que, por não suportar a ideia de criar o filho de outro, teria forjado o falecimento da criança. Essa criança teria crescido na Itália, com o nome de "Antonio Mattoli". Antonio, mais conhecido como Totó, mora na região da Toscana com sua irmã mais velha Gema e seus quatro filhos: Adamo, Agostina, Agnello e Alfredo. Quando Clara e Fred retornam ao Brasil, Agnello os acompanha. Uma vez no país chama a atenção de Stela, que, até então, se envolvia apenas casualmente com os homens que conhecia - por Agnello, entretanto, ficará enlouquecidamente apaixonada e terá sucessivos encontros, sem estabelecer nenhum compromisso. Numa noite, ele conhece Lorena, e, sem saber que ela seria a filha de Stela, encerrará o relacionamento com a mãe, em meio a protestos, para tentar se envolver com a filha.

Comparando as duas tramas, não notamos de imediato grande diferença. Não há mesmo, a meu ver, posto que a trama de Sílvio de Abreu possui elementos interessantes; é uma boa história. O que me intriga e me entristece são os recursos apelativos de que a novela é recheada. Indo desde idosos sendo enganados e roubados por seus empregados, adultério de mulher mais velha com garotos, traição de filho contra mãe, até traição de amigo por mulher e dessa mulher contra o marido em favor desse amigo dele. Deduzo que somos um povo que gosta de ver comportamentos suspeitos nas nossas telenovelas; que gostamos de tramas que nos ensinam a ser pessoas piores e que nada acrescentam em nossa cultura.

Por outro lado, outrora fomos um povo que assistia tramas que retratavam nosso país em suas regiões mais longínquas e que tinha algo significante para nos ensinar. Já no primeiro capítulo da novela antiga que relato, a protagonista é colocada a prova quando o vilão lhe toma a filha bebê e depois fere seu pai com uma faca. O que faríamos se fossemos Ana? Correríamos atrás do vilão ou ajudaríamos nosso pai ferido? Uma excelente "sacada" dos autores e que nos faz pensar a respeito. O pai ou a filha?

"Passione" ou "A História de Ana Raio e Zé Trovão"?

2 de junho de 2010

Damn Blood de Jéssica Blend




Eu já havia lido algumas páginas de outro romance vampiresco de Blend, mas o interessante é perceber que neste novo livro, uma autora ainda mais competente se revela. Ainda fico intrigado quando leio palavras alheias e quase que posso senti-las. Acho fascinante a possibilidade de se conhecer alguém por suas palavras; por seus sonhos.

O livro Danm Blood narra as aventuras e desventuras de Madde uma guria ruiva que não é nem vampira e nem humana, melhor dizendo: é um pouco dos dois. Para quem conhece um pouco da mitologia vampiresca, ou aprendeu alguma coisa agora com Crepúsculo (escolheu um péssimo método para aprender), a protagonista dessa história é uma Dampira. O que difere este conto dos que li neste estilo é o fato de que Jéssica consegue ser simples em suas definições e enredo, ou seja, você entende de imediato que trata-se de um personagem que é meio vampiro e meio humano; não precisa ler um artigo enciclopédico para saber o que é um Dampiro, tudo está lá onde deve estar.

Outro ponto forte são os diálogos. Sou adepto deste recurso para dar dinamismo ao texto e acho que nossa autora o usa com maestria para este mesmo fim. Quem ler as primeiras páginas de Deanm Blood já mergulha na mente de Madde e passa a querer saber mais. Quando os outros personagens vão aparecendo, mais nos interessamos pelo texto e ficamos imaginando quem é vampiro e quem não é.

O livro está em seu capítulo 5. Eu pude ler apenas o seu primeiro capítulo, mas sei que em breve terminarei minha leitura. Fica a dica.