16 de abril de 2024

O Lançamento de Treze Contos

fonte: Carlos Pinheiro

Foi no sábado, dia 13 de abril de 2024 na Sala de vídeo do Centro Cultural dessa cidade de Mogi Guaçu/SP que aconteceu o lançamento do meu livro "TREZE CONTOS NUM LIVRO NUNCA VISTO. Na oportunidade recebi com muita alegria, mais uma vez, amigos, colegas escritores, colegas da Educação e familiares numa manhã muito especial. 

Agradeço de novo a cada um que doou um pouquinho da sua presença para mim nesse dia. Cada vez mais reconheço a importância da presença. 

Ah, em tempo, agradecimento especial à Secretaria de Cultura que através da Biblioteca João XXIII me deu todo apoio espacial.

Quer ver o meu registro fotográfico? 

A noiva do meu amigo Gabriel, a Julia

Cida, a minha colega da AGL

O colega autor e músico Renato Barzon

Parceiro Marcos Cunha!

O poeta Cícero Alvernaz

Nosso presidente da AGL Diamantino Gaspar

Tia Nenê e a Kelly

e a Tia Rita

Tia Nilza, Gilson e Marjory

Que legal receber a Jô e seu esposo

Meu primo Flaviano e sua esposa

Tia Bene e sua linda família

O primo Thiago

Meu xará também veio!

Augusto Legaspe da Academia aparece também!

E o Carlos Pinheiro que é da AGL e fotografou tudo!

Everton, amigo ímpar, e sua família 

Fátima Fílon que dispensa apresentações

Sou fã do poeta Nunes Guerreiro

E do Rodrigo dos Inspirados

Olha o Jamelão!

A Neuza amiga da escola. 

Filhas e esposa. 

E minha mãe

Olá todo mundo.

Quero mencionar aqueles que não estiveram presente por motivos compreensíveis, mas apoiaram adquirindo um exemplar do livro ou de algum outro modo. Fica o registro!    

5 de abril de 2024

Só um fato curioso



Esses dias mostrei o livro Treze Contos para um amigo, dizendo que a história contada por ele para mim estava num conto. Ele se interessou imediatamente pelo fato, pediu para ver, ler. Ao final da leitura do conto "Do Lado de Fora" lágrimas se juntaram nos olhos dele. Pensei comigo na magia da leitura que é capaz de eternizar pedacinho de vida; de nos fazer próximos de quem já não tem um corpo físico.

28 de março de 2024

Data e horário do lançamento de Treze Contos


Meu livro de contos tem data para ser lançado oficialmente, não é o máximo? Vou receber amigos, familiares e companheiros escritores no dia 13 de abril às 10h da manhã para vender e autografar exemplares de "Treze Contos num Livro Nunca Visto". Apareça por lá!

O evento ocorrerá na sala de vídeo Célia Maria Stábile no Cento Cultural de Mogi Guaçu, situado na Avenida dos Trabalhadores, 2651, Jardim Camargo e tem o apoio da Secretaria Municipal de Cultura através da Biblioteca João XXIII. 

O exemplar terá o preço promocional de R$ 25,00 no evento. Aceitaremos pix e dinheiro. 

Clique aqui para ler a sinopse e aqui para ver o livro digital na Amazon.

Que tal confirmar presença e conferir o local por aqui

Espero você lá! 

28 de fevereiro de 2024

Que tal?


Um recipiente que mantém o que é colocado nele mesmo que o conteúdo seja retirado, que tal? Uma caixa sempre cheia, um pacote a ser aberto, uma garrafa que nunca se esvazia. Por mais que tirem da caixa ela sempre terá mais para ser retirado; ainda que desembrulhem o pacote, fiquem contente e peguem o que tem nele, ainda assim parecerá um novo presente se observado novamente.  Copos cheios e mesmo assim a garrafa continua cheia. Por mais que eu beba ainda haverá bebida. Eu que não gosto de que as coisas terminem, diminuam ou mude. Eu que só vou embora após o último gole, jamais terei de partir. Viverei inebriada, feliz, eu mesma, sem amanhã, sem ressaca. Sem tristeza. Sem fim.

9 de fevereiro de 2024

Fiz alguma coisa

 (Crédito: Instagram Porte Engenharia e Urbanismo)

Bem, eu não sou boa com essas coisas de escrever, você sabe, Cass. Mesmo assim, achei que devia uma explicação e esta explicação tinha que ser pra você. Tomei o cuidado de não colocar o meu nome como remetente, mas o endereço que está na carta é o meu lar atual. Use caso precise me escrever, mas não conte a ninguém por enquanto. Estou bem, sério. Primeiro: eu não fugi, mas não compensa explicar o que aconteceu. Você precisa saber é que outra coisa extraordinária ocorreu e me fez sair do Guaçu e ir parar no meio do mato, no Maranhão. Depois disso, segui viagem com um caminhoneiro que, veja você, chama-se Cristiano. Só que ele é bem diferente do Cris que era meu marido. É um cara legal. Estou agora na casa dele, acredita? Depois que cheguei a esta cidade, disse ao meu companheiro de viagem que eu não tinha lugar para ir. Ele me apresentou à família dele e acabou que estou morando com eles. Você é minha prima e amiga, sabe disso não é? Então, por isso vou te contar uma história que explica mais ou menos o que eu estou fazendo.

Talita é uma dessas meninas que publica tudo o que faz nas redes sociais. Ela faz academia, frequenta lugares chiques e se relaciona com gente cheia da grana. Foi até rainha do rodeio aqui de BH. Tem vinte e três anos, morena alta, cabelos lisos (que inveja!) e olhos azuis. Ah, e tem um namorado, o Júlio, um playboy filho de Juiz de Direito. Um casal muito bonito, você tinha que ver nas filmagens do elevador que registrou os últimos momentos de Talita. 

Estou colocando a carroça na frente dos bois, desculpe. 

O Júlio, tem vinte e cinco anos, musculoso, veste-se muito bem, tem dinheiro. O problema dele é que costuma ser violento quando é contrariado. Gosta de ser violento com quem é mais fraco do que ele, compreende? Tem passagens por agressões à antigas namoradas e sua carteira de motorista está caçada por causa de dirigir embriagado. O que Talita tem na cabeça ao se relacionar com um cara desses? Eu não posso julgá-la você sabe... 

Então, uma bela noite num dos lugares chique de costume Júlio percebe que um outro cara está trocando olhares com sua garota. Na cabeça dele, ela está correspondendo. Ele fica furioso com Talita; eles brigam no local mesmo. Que deselegante. A discussão continua no carro de luxo do rapaz, ele está bêbado e sem carteira de motorista, mas quem liga? Júlio é filho de Juiz. O carro avança até a garagem do condomínio de luxo de Júlio. Estaciona, eles continuam brigando. Talita desce do carro, nervosa. Diz que não quer mais se relacionar com Júlio. Ele não aceita e a agarra pelo braço, gritando que é por causa do sujeito na festa que ela está terminando o namoro. Ela tenta guardar o medo nos cantos dos olhos, mas é muito para não deixar escapar algum. Ele gosta da sensação de provocar medo. Júlio empurra Talita, ela tropeça e cai de joelhos. Por alguns segundos ela fica ali, de quatro, sem saber o que fazer. É madrugada, não há ninguém no estacionamento. Decide fugir, correndo. Consegue ouvir o chacoalhar das joias da moça? O som do seu sapato de salto pelo chão do estacionamento? São poucos os passos, infelizmente. Júlio é mais rápido, forte e logo alcança Talita, a agarra pelas costas e a levanta do chão. A garota chacoalha as pernas suspensas e grita, apavorada. Eles voltam para perto do carro. Ele a empurra contra a parede. Ela sangra pelo nariz. Então, nesse momento ela percebe que pode ser perigoso estar ali com aquele cara. Júlio, por sua vez, nota que transpassou uma linha que não deveria ser transpassada; que não havia mais volta; que se fosse preso novamente por agressão não teria como escapar da cadeia. Tudo é muito rápido na cabeça entorpecida e imprudente daquele rapaz. Fecha o punho direito e desfere um poderoso soco contra o rosto de Talita. Mais sangue e agora lágrimas. Júlio fica mais desesperado e dispara vários socos. Quando Talita está no chão, ele começa a chutá-la nas costas, no rosto, nas pernas. Desmaie, vamos!  Demora para isso acontecer, mas finalmente Talita perde a consciência. Está morta? O que fazer? 

A adrenalina começa a baixar, Júlio passa a mão sobre os cabelos, anda para um lado, para outro. Agarra o corpo de Talita e entra no elevador do prédio. Ao chegar no seu andar, um dos últimos, deixa o elevador parado. Com dificuldade, consegue colocar a chave na fechadura do seu apartamento, abre a porta e despeja Talita no carpete da sala. Vai à lavanderia, pega um pano, molha no tanque e volta ao elevador. Depois de tudo limpo, Júlio retorna ao seu lar. Ele está mais tranquilo agora, acha que pode fazer aquilo; que dará certo. Volta-se para Talita no chão de sua sala e a pega novamente. Vai ao banheiro, tira a roupa dela, abre o chuveiro. Lava todo o sangue do rosto da namorada. Tudo ok, Júlio a enxuga e a veste com uma roupa limpa que a namorada deixava em sua casa. Está quase pronto, pensa ao deixar o banheiro e Talita. 

Júlio vai até a sala, liga a TV, passeia pelos canais por alguns minutos. Depois, sobe no sofá, abre a grande janela de vidro, as cortinas começam a dançar. Volta ao banheiro e agarra Talita pela última vez. Dirige-se até a sala, até a janela e a despeja. A queda do décimo quinto andar faz um barulho único. Um baque final, um pequeno quique que separou estar vivo de começar a morrer. Não sei, mas acho que Talita começou a morrer bem antes. É bem difícil estabelecer um momento certo para o início da morte. Sei que ao tocar a calçada com a violência de toda aquela gravidade, marcou o fim do processo de morte. Ela morreu, se matou, foi o que disse Júlio aos policiais depois de falar com o pai. Tudo ia ficar bem. 

Eu tentei esquecer essa história, Cass. Juro que tentei. Só que não consegui, porque todo dia saía notícia sobre o caso. As notícias foram me ajudando a montar a história que te contei e a cada detalhe eu ficava mais indignada. Sempre soube que a Justiça trata diferente rico de pobre; Júlio respondia ao processo em liberdade, dá pra acreditar? Mesmo com toda a incoerência de sua versão, comparada à perícia e com todos os seus antecedentes! Resolvi que eu tinha que fazer alguma coisa. E eu fiz.


2 de fevereiro de 2024

Barulho de Grilo



A luz da área se acendeu. Sentado na mureta que circundava a casa, Artesão teve a atenção retirada das estrelas. Banhada pela luz amarela, sob o arco da porta da cozinha viu Nara. Ela tinha os cabelos castanhos armados, o olhar marrom sonolento, a boca rachada e algumas sardas sobre o nariz pontudo. Vestia uma camisa rosa, grande e rasgada no ombro direito. Ao final das pernas alvas aparecia o pé esquerdo descalço e o direito coberto por uma meia preta. O silêncio que Nara carregava no bolso descosturado da camisa caiu no chão por causa do barulho de grilo. Ela se aproximou de Artesão, agachou-se e o abraçou. Deu-lhe um beijo nas costas desnudas. O barulho de grilo sumiu. O construtor virou-se, sorriu, agarrando a mão cheia de calos da amada. Os olhos de ambos se encontraram sem obstáculos. Ele queria contar a ela que era árvore agora; que tinha encontrado paz, mas sabia que não precisava; que ela já sabia.